A pandemia de Covid-19 demonstra a importância da imunização. As vacinas se tornaram a esperança de que a crise termine. Enquanto a vacinação ainda é lenta e há muitas fake news em torno dela, especialistas ressaltam como a imunização por meio das vacinas pode alterar o atual cenário. Em 9 de junho é lembrado o Dia Mundial da Imunização.

A imunização já reflete numa queda significativa do número de mortes da população idosa, que representava 79% dos óbitos em novembro de 2020 e passou para 57,6% no mês de maio de 2021. A grande preocupação dos especialistas agora é que a vacina, que veio para trazer esperança, pode criar uma falsa sensação de que o pior já passou.

“A população de forma geral ainda não entendeu que, para que todos fiquem seguros, precisamos encarar que o problema é nosso e seguir as medidas de proteção enquanto a estratégia da vacinação avança”, afirma a infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, de Curitiba (PR), Viviane Hessel Dias, alertando sobre a chegada de mais um aumento significativo no número de pacientes graves e mortes pela doença.

Uma pesquisa realizada no município de Serrana (SP), com a vacina Coronavac do Butantan, indicou que o número de casos sintomáticos da Covid-19 caiu 80%; as internações, 86%; e as mortes, 95% após a segunda dose da vacina. A estimativa é que seja necessário 75% da população adulta vacinada com as duas doses no país, para que as regras de distanciamento, uso de máscaras e de álcool em gel sejam finalmente afrouxadas. E isso ainda não tem data para acontecer.

A pandemia de Covid-19 mostrou a importância da imunização: vacinas

O fato é que nunca se falou tanto em vacinas. A pandemia da Covid-19, que já matou mais de 3,4 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), também fez com que vacinas fossem desenvolvidas, aprovadas, fabricadas e aplicadas na população em menos de um ano. 

Antes, a vacina da Caxumba tinha o título de ter sido produzida em menor tempo. Foram quatro anos de estudo e experimentos até a sua aprovação. A do ebola, produzida mais recentemente, demorou cinco anos para ser finalizada. Mas, com bom aporte de investimentos, 14 imunizantes contra a Covid-19 já foram aprovados em vários países e dados da OMS indicam que 91 estão sendo testados em humanos. Outros 184 estão na fase de pesquisa laboratorial ou em teste em animais. 

Para a infectologista, o controle de doenças infecciosas só se faz com um bom controle vacinal. “As vacinas são de extrema importância, mas se a cobertura não for mantida pela adesão da população, é possível que ocorram escapes”, diz Viviane. 

A velocidade com que as vacinas contra Covid-19 foram desenvolvidas, a onda de fake news e relatos de reações depois da aplicação de doses fizeram com que parte da população tivesse receio de se vacinar ou não acreditasse nos imunizantes disponibilizados até o momento. Aproveitando o Dia Mundial da Imunização, o Departamento Científico de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) alerta para a importância de se vacinar, já que as vacinas modificaram a história natural da humanidade. “As vacinas trouxeram impactos diretos na redução da mortalidade, principalmente nos casos de doenças infecciosas, como sarampo, varicela e coqueluche. E hoje, assistimos a importância dela diante da pandemia da Covid-19”, esclarece Lorena de Castro Diniz, Coordenadora do Departamento Científico de Imunizações da ASBAI.

Movimento anti-vacina

Com maior adesão nos Estados Unidos e alguns países da Europa, há um movimento anti-vacinas. No Brasil, já existem pessoas aderindo ao antivacinismo. Considerado um retrocesso pelos especialistas, uma das preocupações em relação a esse movimento é a possibilidade do retorno de algumas doenças infecciosas que estão sob controle há anos. Aliado a outros fatores, podem ocorrer surtos de doenças como o sarampo, caxumba e varicela.

Lorena explica que as vacinas são seguras na maioria dos pacientes e eficazes em prevenir doenças infecciosas em todas as faixas etárias, da infância ao idoso. Pessoas com dúvidas ou que estejam em alguma condição especial, como imunossupressão – tratamento que diminui a imunidade – ou que sabem ser alérgicas a algum componente da vacina podem procurar o auxílio de um médico para serem vacinadas com segurança. “Na dúvida, sempre busque informação em um serviço de saúde, em especial com o médico. O importante é não deixar de se vacinar. É preciso orientar a população do benefício da vacinação, que supera os riscos de reações adversas”, alerta a especialista.

A febre amarela e o sarampo são exemplos recentes de doença infecciosa que voltaram com força. São consideradas doenças muito graves, com grande chance de óbito. Agora, a atenção está voltada para a vacina contra a gripe, doença mundial, que ocorre nas estações do outono e inverno e pode levar a complicações pulmonares, como pneumonia e até óbito, principalmente em crianças e idosos. “Vacinar-se contra a influenza evita as formas graves da gripe e contribui no diagnóstico diferencial da Covid-19, já que os sintomas das duas doenças são semelhantes”, explica Lorena.

Vacinas x alergia

Algumas vacinas possuem componentes que são comuns no desencadeamento de alergias, como ovo e leite. Porém, a especialista da ASBAI explica que os benefícios da vacinação superam chances de reações graves. “Já existem protocolos para a vacinação segura. Vacinas como tríplice viral e influenza já são liberadas sem restrições, com raras exceções para casos de extrema sensibilidade a ovo e ao leite. Nestes casos, pode haver a indicação de vacinação fracionada ou escalonada. Para estes pacientes com extrema sensibilidade a ovo e ao leite, é indicado que a vacinação seja feita sob supervisão em serviço de saúde por uma hora após receber a vacina”, afirma Lorena.

* Com informações das assessorias de imprensa

Fonte: Saúde Debate