O Pequeno Príncipe, com sede em Curitiba (PR), é o único hospital brasileiro a integrar a Rede Global de Vigilância Hospitalar da Gripe (GIHSN, na sigla em inglês), composta por mais de cem hospitais de 25 países. A instituição participou da reunião anual da rede, realizada na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça. O encontro reuniu especialistas de vários países para compartilhar informações e recomendar estratégias para melhorar a vigilância de agentes virais respiratórios.

A rede monitora a prevalência de vírus respiratórios e, com isso, pode alertar sobre o surgimento de um novo vírus com potencial pandêmico. Além disso, esse monitoramento dá à OMS informações sobre quais cepas devem compor as vacinas contra a influenza disponíveis a cada ano. “A rede representou um papel muito importante durante a pandemia, porque manteve-se ativa na captação de dados”, considera a chefe do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar (SECIH) do Pequeno Príncipe, a pediatra e epidemiologista Heloisa Ilhe Garcia Giamberardino, que junto à médica Sonia Mara Raboni, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lidera a pesquisa no Hospital.

O monitoramento da rede é realizado com base nas informações repassadas pelos hospitais que a integram. As instituições participantes recebem apoio para aquisição de insumos e acompanhamento da pesquisa, e todas utilizam o mesmo protocolo para monitorar a prevalência dos vírus respiratórios responsáveis por infecções pulmonares graves, que levam os pacientes a necessitarem de internamento. Os dados reportados durante o ano compõem uma pesquisa bastante sólida. Só no último período, foram documentados mais de quatro mil casos de hospitalização por infecção respiratória aguda grave.

O Pequeno Príncipe, há quatro anos, reporta semanalmente os casos identificados na vigilância para a GIHSN. No último período (de 2022 a 2023), a instituição mapeou dados referentes a 470 pacientes internados; desses, 64% foram positivos para pelo menos um dos 16 vírus respiratórios investigados. “Fomos convidados a fazer parte da rede e conseguimos preencher os requisitos solicitados. Além disso, o convênio com a UFPR também nos dá respaldo na realização dos exames”, explica a especialista do Pequeno Príncipe. O Hospital é um dos poucos centros que atuam com vigilância estendida para outros vírus respiratórios, como o SARS-CoV-2 e o vírus sincicial respiratório.

As amostras de vírus da gripe (influenza A ou B) identificados no Hospital foram encaminhadas ao laboratório de referência da rede na França para caracterização genética. Essas informações foram apresentadas na reunião anual, realizada na sede da OMS. “Estes dados, somados às informações da vigilância dos centros nacionais de influenza, também são utilizados pela OMS como base para definir as cepas que vão compor a próxima vacina contra a influenza para o Hemisfério Sul, pois essa decisão leva em consideração os vírus com maior prevalência na região”, informa Heloísa Giamberardino. Ainda de acordo com ela, adicionalmente, esse monitoramento, em tempo real, é importante para detectar o surgimento de algum novo vírus com potencial pandêmico.

Para a médica da UFPR, conhecer o impacto dos vírus respiratórios como causa de internamento em pacientes pediátricos e estimular a pesquisa científica, uma vez que alunos de graduação e pós-graduação atuam em algumas etapas do processo, também são pontos fortes do monitoramento global.

 

Fonte: Hospital Pequeno Príncipe