O primeiro dia do 17º. Seminário Femipa, realizado na quarta-feira (26), na sede da Associação Médica do Paraná (AMP), em Curitiba, terminou com a apresentação de cases classificados do 7º. Prêmio Femipa de Melhores Prática e Criatividade. Na classe 1 (para hospitais com até 100 leitos), concorrem três instituições da capital paranaense. Na classe 2 (para hospitais com mais de 100 leitos), concorrem uma instituição da capital, uma de União da Vitória e uma de Maringá.

Hospital Erastinho

O projeto “Hora Dourada” foi detalhado pela enfermeira CCIH do Hospital Erastinho, Tassiana Meireles.  Ele tem como objetivo administrar a primeira dose de antibiótico venoso em menos de sessenta minutos para pacientes oncológicos infantis que chegam ao hospital com febre. “A neutropenia (número baixo de neutrófilos) e a febre são consequências da quimioterapia tidas como emergências oncológicas. As infecções são a segunda causa de óbito entre pacientes em tratamento de câncer, perdendo apenas para o diagnóstico em si da doença. A administração rápida de antibiótico em casos de altas temperaturas salva vidas”, disse Tassiana.

Graças à adoção de mudanças na rotina do pessoal da enfermagem, à criação de um protocolo simplificado e à promoção de maior conscientização sobre o assunto entre profissionais de saúde e familiares, 100% dos pacientes do Erastinho que chegam ao local com febre começaram a receber antibiótico em até sessenta minutos após darem entrada na unidade (muito recebem em menos de meia hora). Entre as conquistas, observa-se menos casos de sepse, menos internações, redução de custos hospitalares, menor exposição a novas infecções, redução da mortalidade e maior expectativa de vida.

Hospital Maternidade Alto Maracanã

A perda de um filho no período gestacional ou neonatal é uma realidade dura e que nenhuma mulher sonha viver. Com a intenção de proporcionar suporte para quem passa por este tipo de trauma, existe o projeto “Mães de Anjo – criação de um espaço lúdico e amparador para o processo de cura emocional das mães com perdas”, que foi apresentado pela gerente assistencial do Hospital Maternidade Alto Maracanã, Sabrina Nogueira Tanaka.

Nos últimos anos, uma série de ações começaram a ser desenvolvidas para que casais que passam pelo luto gestacional ou neonatal se sentissem acolhidos e pudessem ter um espaço para falar sobre a perda. Entre elas, foi criado um espaço isolado de internamento, para que as pacientes não precisem ter contato com chorinhos de bebê e outras situações de felicidade relacionadas a nascimentos com desfecho positivo; permissão para que familiares diversos possam fazer companhia à mãe ou ao casal durante a internação; e a entrega de uma carta celebrando a vida do bebê, mesmo que ela tenha sido curta. “Notamos que, desde que começamos a realizar as ações, muitas pacientes enlutadas tiveram melhora do bem-estar emocional. Consequentemente, aumentou a satisfação com o atendimento prestado pelo serviço de saúde”.

Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo

A supervisora de equipe multidisciplinar do Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo, Bárbara de Lima do Rosários, apresentou o case “Implantação de soluções no cuidado à saúde através da tecnologia de impressão 3D”, sobre o desenvolvimento de protótipos de impressão em 3D de alguns instrumentos utilizados pelos assistidos da instituição em atividades da vida diária. São prestados atendimentos gratuitos a pessoas com múltiplas deficiências em situação de abandono ou vulnerabilidade social.

Tudo começou em 2023, com a implementação de um laboratório de impressão 3D dentro do Pequeno Cotolengo. No ano seguinte, deu-se início à confecção de órteses, com foco na funcionalidade. Em 2024, foi promovida especialização em tecnologia assistiva. Neste início de ano, conquistou-se a segurança do paciente e a eficiência no cuidado. “As soluções são personalizadas para atender as necessidades exatas de cada paciente. O plástico utilizado nas próteses é biodegradável e sustentável, feito a partir do bagaço de cana-de-açúcar, beterraba e milho. Conseguimos trabalhar com uma produção própria rápida e econômica”.

ÚNICA – Unidade Integrada de Crise e Apoio à Vida

“Desenvolvimento de score de risco para a priorização do acompanhamento farmacoterapêutico adaptado à saúde mental” é o tema do trabalho que foi apresentado pela supervisora de farmácia e logística da ÚNICA – Unidade Integrada de Crise e Apoio à Vida – Dom João Bosco Oliver de Faria, unidade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Juliana Berno de Lima.

Segundo ela, 10% a 30% dos pacientes psiquiátricos estão expostos à polifarmácia, que é o uso de cinco ou mais medicamentos de forma simultânea. Na ÚNICA, foram estabelecidas novas ferramentas para acompanhamento dos pacientes – como por exemplo uma ficha de anamnese farmacêutica, um sistema de scores farmacêuticos, instrumento de controle de adesão medicamentosa e indicador de desprescrição – com a intenção de ajudar na detecção de casos mais vulneráveis e melhor atendimento de todos.

“O uso do score pode facilitar o trabalho do farmacêutico clínico e impactar os indicadores hospitalares que medem o desempenho da farmácia, além de auxiliar na identificação dos pacientes mais graves para priorização do acompanhamento”, afirmou Juliana. “A iniciativa é viável e de baixo custo, otimizando o atendimento mesmo com quadro farmacêutico reduzido”.

Clínica Médica São Camilo

Também na área da saúde mental, foi apresentado o case “Gerenciamento das metas internacionais e protocolos de segurança em psiquiatria”, exposto pela enfermeira da Clínica Médica São Camilo, de União da Vitória, Luciana Thaís dos Santos. No local, ao longo dos últimos anos, foram desenvolvidas e aprimoradas diversas ações com o objetivo de cumprir as seis metas de segurança estabelecidas pela Joint Commission International (JCI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Elas são: comunicação efetiva; identificação do paciente; melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos; assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos; redução de risco de infecções; e diminuição do risco de quedas e lesões.

As ações envolvem educação continuada de profissionais, monitoramento constante de protocolos, adoção de pulseiras com cores diferenciadas para identificação de pacientes, eliminação de ruídos durante a comunicação, rotinas específicas na administração de medicamentos, higiene das mãos, prevenção de quedas, entre outras. “A segurança do paciente envolve práticas, políticas e estratégias focadas em minimizar riscos e evitar danos durante o atendimento”.

Hospital Santa Casa de Maringá

Também sobre o luto da perda de um filho durante a gravidez ou logo após o nascimento, a psicóloga do Hospital Santa Casa de Maringá, Bruna Danielli Zanolo Melo, apresentou o projeto “Memórias que acolhem: humanização do cuidado na perda gestacional e neonatal”. “O objetivo do nosso trabalho é permitir que o pós-alta possa ser vivenciado da forma mais humanizada possível e com ferramentas capazes de fornecer suporte às famílias. A intenção é que as lembranças sejam as mais bonitas possíveis”, explica.

Entre as iniciativas adotadas, estão plano de internação em quarto privativo, sinalizador na porta do dormitório para que a equipe de trabalhadores do hospital saiba da presença de uma família enlutada, disponibilização de rito espiritual/religioso, permanência com bebê por até 22 horas, alta com retorno (para que a mãe possa acompanhar o sepultamento da criança), serviço de ensaio fotográfico e caixa de memórias contendo tudo que tem relação com o bebê,

 

 

 

 

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Cintia Vegas