Encerrando a programação da sala temática “Gestão Hospitalar” durante o 17º Seminário Femipa realizado em Curitiba, o evento apresentou seis cases finalistas do 7º Prêmio Femipa de Melhores Práticas e Criatividade.
Nas apresentações ficaram evidentes a preocupação com a qualidade dos serviços prestados e a satisfação dos clientes, um olhar apurado para a redução do desperdício e a sustentabilidade financeira e ambiental e a busca cada vez maior do segmento por transparência.
Confira a seguir as ideias e instituições que foram destaque por suas iniciativas criativas e inovadoras:
Classe 1
Hospital Erastinho
Especializado no atendimento a crianças e adolescentes com câncer, o Hospital Erastinho tem mais de 11 mil pacientes e realiza cerca de 100 mil atendimentos ao ano. A preocupação com a manutenção do atendimento mesmo em situações nas quais não é possível acessar o sistema médico levou ao desenvolvimento da solução criativa, apresentada pelo Gerente de Tecnologia da Informação da instituição, Valdemir Ezequiel Chiquito.
O hospital criou um sistema de contingência online como estratégia de continuidade em casos de queda do sistema principal. A tecnologia foi desenvolvida integralmente pelo time interno da instituição que mapeou mais de 25 mil tabelas e analisou 1.206 funções, priorizando dados essenciais que devem estar disponíveis para garantir a continuidade do atendimento.
O sistema funciona sincronizando dados com o sistema principal a cada 8 horas e, em caso de falha deste, apresentar à equipe as informações dos últimos 14 dias de prescrições, cirurgias e dados do acompanhamento oncológico, evitando a interrupção na assistência.
Atualmente, a inovação pode ser acessada em cerca de 15 minutos, evitando a demora no restabelecimento das atividades que antes chegava a 6 horas, com um impacto financeiro estimado para o período de R$ 250 mil. Os próximos passos para a equipe é possibilitar no sistema a alimentação de informações, com a retro-sincronização dos dados, além da ampliação do treinamento da equipe.
Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Fátima
Incentivar o parto natural e seguro foi a proposta do projeto desenvolvido pelo Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, apresentado pela gerente de enfermagem, Liamara da Costa Kano.
O programa surgiu do apelo da OMS e do MS para melhorar a assistência obstétrica e neonatal. A partir da necessidade, o hospital desenvolveu o projeto, que acolhe as gestantes desde o momento inicial da busca pelo serviço até o pós-parto, com um olhar multiprofissional, em equipes formadas por médicos, profissionais de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas.
A proposta abrange cursos oferecidos gratuitamente quinzenalmente aos futuros pais e ampliação da abordagem humanizada no Plano de Parto, no qual a paciente pode colocar seus desejos e expectativas, que são acompanhadas pela equipe, com orientações relativas a cada procedimento. As gestantes recebem ainda consultoria para o aleitamento materno, fisioterapia pélvica no pré e pós-parto e tratamentos de ponta, como o uso de laser sempre que necessário para o tratamento de fissuras mamilares ou outros procedimentos de correção.
Outra importante iniciativa do projeto é a utilização de medidas de alívio da dor não farmacológicas na sala PPP. Os serviços – ofertados de forma totalmente gratuita para as pacientes, já contratualizados junto às operadoras – abrangem cromoterapia, hidroterapia, aromaterapia, musicoterapia e acesso a equipamentos como cavalinho, banco U, bola de pilates, entre outros.
Os resultados obtidos pelo hospital incluem o aumento nos índices de parto natural; aumento da taxa de satisfação dos clientes, melhoria pela atenção multiprofissional, cuidados centrados no paciente e ampliação da participação no processo decisório, práticas seguras, redução de intercorrências durante o período expulsivo e a condução de parto atenta e próxima, que permite à equipe manobras rápidas e assertivas de intervenção, mitigando riscos assistenciais.
Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo
A melhoria na transparência e relatórios que atendessem a expectativa das partes interessadas e da sociedade, foi o projeto desenvolvido pelo Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo, apresentado por Elisa Maria de Souza, gerente de GRC.
A organização, que atua nos pilares da saúde, assistência social e educação percebeu que seu relatório de resultados não respondia integralmente aos anseios das partes interessadas na instituição. A partir dessa percepção, a instituição buscou uma consultoria e desenvolveu um trabalho para abranger olhares específicos para a sustentabilidade ambiental, social e de governança. A primeira etapa do projeto foi uma pesquisa junto às partes interessadas, que demonstrou quais indicadores deveriam ser apresentados. A etapa seguinte foi o desenvolvimento de métodos que permitissem reportar esses indicadores, com a coleta das evidências necessárias para a emissão do relatório já no ano de 2024.
A nova versão, lançada no ano passado, contou com 162 páginas que abordam 103 indicadores das áreas de: saúde, segurança e bem-estar; desenvolvimento de pessoas; integridade; responsabilidade social; diversidade; ecoeficiência; gestão de fornecedores; performance econômica e mudanças climáticas.
Todo o desenvolvimento foi realizado pela equipe interna com a participação pró-bono da consultoria, resultando no custo de cerca de R$ 26 mil reais referente à impressão dos exemplares.Os resultados abrangem ampliação da base de doadores e benfeitores, além do fortalecimento do relacionamento com doadores e parceiros, melhoria de comunicação assertiva com as partes interessadas, ampliação das fontes de arrecadação, além do aprimoramento dos processos administrativos e aumento da efetividade das ações de marketing.
Classe 2
ÚNICA – Unidade Integrada de Crise e Apoio a Vida – Dom João Bosco Oliver de Faria
A Única – Unidade Integrada de Crise e Apoio à Vida, instituição especializada no atendimento em saúde mental que conta com duas unidades, uma com 180 leitos SUS e 120 para convênio e outra focada no atendimento ambulatorial e hospital-dia para o segmento privado mapeou a jornada do cliente, desde a admissão até a alta, com um olhar especial para a sustentabilidade ambiental.
O projeto, apresentado pela Gerente Assistencial, Jéssica Aline Christinelli, foi desenvolvido pela equipe interna da instituição, mapeando também riscos e qualidade no atendimento e apresentado os dados de modo visual em tempo real possibilitando o acompanhamento próximo dos indicadores pela equipe assistencial. Durante a elaboração soluções, como o uso da assinatura digital nos prontuários foram implementados, gerando eficiência, qualidade e redução no consumo de papel.
O monitoramento foi elaborado com base nas fases descritas no plano terapêutico e resultou no desenvolvimento de atividades que beneficiam os pacientes com o uso de materiais como, por exemplo, os materiais recicláveis. Os resultados ambientais abrangeram 50.664 atividades com recicláveis realizadas, com a redução de 2,35 toneladas de resíduos compostados em parceria com a composta+. Além disto, estão em implantação projetos como os Jardins de mel, em parceria com a Prefeitura Municipal de Curitiba e projeto de eficiência energética, em parceria com a Copel.
Hospital do Câncer de Londrina
O Hospital do Câncer de Londrina (HCL) buscou na ferramenta Lean Six Sigma a busca pela excelência no atendimento e alcance pleno dos objetivos estratégicos da instituição. Fundada há 60 anos, o hospital é filantrópico e tem acreditação ONA nível 2, além de ter figurado entre os 250 melhores hospitais em pesquisa realizada pela Revista Newsweek em 2022.
A proposta foi apresentada pelo Gerente de Projetos, Ademir Cirino Filho e tratou da implantação da ferramenta, que une os conceitos Lean (originado na Toyota no pós-guerra com foco em processos enxutos) e Six Sigma (originado na Motorola na década de 1960 com foco em precisão).
A ferramenta passa pela mentalidade DMAIC, que abrange analisar cada questão a ser resolvida em cinco aspectos: definir (compreender o problema, requisitos, indicadores e metas); Medir (mapa do processo, análise da cadeia de valor); analisar (validação do sistema, 5 porquês e análise de dados, entre outras); melhorar (processo de inovação com novo mapa de processos, orçamento, plano de ação) e controlar (ferramentas para tornar o novo processo sustentável).
Com base nessa ferramenta o HCL realizou diversos projetos como a otimização do centro cirurgico, melhoria do fluxo de ambulatório SUS; redução do percentual de glosas; redução da inadimplência nos carnês de doação; melhoria no giro de leitos e redução no custo de negociação com fornecedores, atingindo cerca de R$ 8,5 milhões em economia de recursos anualmente.
Os próximos passos previstos são a ampliação na formação dos colaboradores para o uso da metodologia e aumento no número de projetos estratégicos executados por meio da abordagem Lean Six Sigma, ampliando ainda o retorno financeiro e fortalecendo a gestão de processos.
Associação San Julian, Amigos e Colaboradores
Reduzir o desperdício de alimentos foi a proposta do projeto “Cozinha de antecipação inteligente” desenvolvido pela Associação San Julian, Amigos e Colaboradores. A instituição conta com 400 leitos em atividade e atende clientela 100% SUS em saúde mental, conforme conta o diretor geral, Marcelo Durante Bittencourt. Atualmente são três alas, atendendo 60 adolescentes, 150 leitos destinados a patologias psiquiátricas e 190 a pessoas em sofrimento decorrente do transtorno de adicção.
Filantrópica, a instituição recebe a doação de alimentos da comunidade e via um desperdício de cerca de 12 toneladas ao ano na perda desses recursos. Com a implantação da cozinha, obra conduzida pela própria equipe de manutenção do hospital com doações de materiais e equipamentos – que somaram cerca de R$ 600 mil – hoje o total de alimentos inutilizados é de menos de 100 kg.
A cozinha funciona recebendo os insumos, que são higienizados, passam por processo automatizados como serem picados, liquidificados ou descascados, sendo posteriormente porcionados, embalados a vácuo, ultracongelados e rotulados para uso. São elaborados no processo molhos de tomate sem aditivos químicos, geleias e doces de frutas e legumes e verduras que irão compor saladas, sopas e outros pratos futuramente, com aumento substancial do prazo de validade.
As refeições ganham sabor e os pacientes recebem melhorias nutricionais na dieta, além de economia em recursos financeiros de cerca de R$ 35 mil reais ao mês, um total no ano de mais de R$ 400 mil.
Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Karla Losse Mendes