O impacto da inovação e de ferramentas tecnológicas aliados à importância da participação dos colaboradores para a sustentabilidade financeira foram insights trazidos por Rogério Pontes de Andrade, na palestra “ A inovação na gestão de custos assistenciais como alinhar qualidade e sustentabilidade financeira”, durante o 17º Seminário Femipa, realizada em Curitiba, no dia 26 de março de 2025.
Administrador especialista em Qualidade, Compliance e Finanças em Saúde e mestre em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rogério destacou a importância da geração de valor – ainda mais do que o corte de custos – para a manutenção das instituições e ressaltou que é necessário olhar para os processos, compreendendo o que realmente impacta a percepção de valor dos clientes, cortando “excessos”. Um dos exemplos mencionados são recepções com pé direito alto, no qual é preciso contratar um andaime para uma simples troca de lâmpada. “A questão é, esse custo, ele está impactando a percepção de valor do seu cliente?”, comentou.
Inovação a favor da gestão
As medidas são variadas, desde as mais simples até a contribuição da tecnologia, que podem garantir a sustentabilidade em um cenário que o especialista classifica como um dos mais desafiadores das últimas décadas: tabelas de pagamento do SUS defasadas há 30 anos, custos em disparada, reajustes cada vez menores aos procedimentos, aumento de glosas e alongamento nos prazos de pagamento são realidades que exigem medidas em “tempo real” para identificar possíveis problemas e antecipar soluções. “As limitações financeiras impactam na oferta de uma assistência segura e humanizada para os pacientes e na segurança e desenvolvimento para os profissionais que atuam nos hospitais”, explica.
E uma das saídas pode estar na inovação. Termo, aliás, que Rogério destaca que não significa apenas ter boas ideias, mas fazer algo que ninguém espera para transformar a realidade. E, ele vai além, “para inovar é preciso quebrar barreiras e chamar para a conversa profissionais que muitas vezes estão distantes das discussões financeiras”. Segundo o especialista, é preciso compartilhar, com transparência, dados e conceitos sobre indicadores para que profissionais que estão na ponta possam ajudar a encontrar soluções para os desafios.
Aumento da qualidade com redução de custos
Um exemplo apresentado pelo profissional é o uso da tecnologia para monitorar e prevenir glosas, uma vez que profissionais da assistência, ao ter informações sobre os itens com maior índice de recusa podem tomar decisões mais assertivas. Neste caso, é possível mudanças sobre os insumos utilizados em cada tratamento ou a antecipação de autorizações ou documentos complementares, em tempo real, enquanto o paciente ainda está internado, reduzindo o tempo para pagamento.
São medidas tomadas enquanto o paciente ainda está internado, melhorando o registro e o monitoramento e evitando que essas questões sejam vistas apenas, muitas vezes, um mês depois, quando a negativa do plano é recebida. “Você alia a possibilidade de uma melhor assistência ao menor índice de glosas e de tempo para o faturamento, garantindo sustentabilidade”, explica Rogério.
“É preciso olhar para os custos no dia a dia e acompanhar indicadores, com espaço nas rotinas de trabalho para que as coordenações de enfermagem possam reconhecer e realizar análise crítica desses indicadores”, acrescenta. Outro exemplo mencionado pelo palestrante diz respeito à ocupação do centro cirúrgico. Segundo ele, a partir do registro e análise em tempo real é possível compreender padrões e entender, por exemplo, qual o tempo adequado de reserva de um centro cirúrgico para cada procedimento e técnica, melhorando a ocupação. Isso ocorre sem, de forma alguma, intervir na autonomia dos profissionais e na qualidade dos serviços prestados, e sim, corrigindo eventuais excessos nas margens de tempo previstas.
“A transparência, o registro das ações, geração de dados e uso da inteligência artificial vão acumulando informações que, por meio da aprendizagem de máquina, vai melhorando o próprio sistema e ampliando e tornando ainda mais assertivas as predições e alertas para a ação e correções em tempo real”, reforça o palestrante.
Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Karla Losse Mendes