Reduzir custos, melhorar serviços e ainda receber royalties por produtos de processo de inovação pode parecer um objetivo distante para as instituições hospitalares, mas a realidade está mais próxima do que se imagina. É o que demonstrou a palestra “A era digital da Saúde: O impacto das soluções tecnológicas na gestão de saúde e atendimento ao paciente” na sala temática Gestão Hospitalar, durante o 17º Seminário Femipa, realizado em Curitiba (PR).

O tema foi apresentado pelo Head de Inovação no Hospital São Lucas – PUCRS  e mentor de startups no Tecnopuc (RS) e Atrion, Daniel Moreira, que ampliou olhares ao explicar como, mesmos ambientes altamente regulados como os hospitais, podem participar do desenvolvimento de inovações, encontrando solução para os desafios da instituição e proporcionando, ao mesmo tempo, novas fontes de receitas.

A possibilidade vem de uma nova forma de inovação – a inovação aberta – que compartilha com startups da área da saúde informações sobre os problemas vivenciados nas rotinas assistenciais e serve, ao mesmo tempo, de território para a validação das soluções encontradas, tornando-se parte no processo criativo.

Um dos exemplos trazidos por Daniel Moreira são as inovações realizadas em parceria com startups pelo Hospital São Lucas, instituição filantrópica com 400 leitos integrada ao campus da PUCRS em Porto Alegre (RS).  Uma delas é a “Maria”, inteligência artificial que compara programações de cirurgias com procedimentos similares realizados no último ano, predizendo se aquele procedimento terá margem positiva ou negativa. O sistema permite que a coordenação médica possa discutir alternativas para o caso e ajustar condutas para a melhoria da prestação de serviços com a otimização da utilização do centro cirúrgico. A inteligência artificial está em fase de preparação para a comercialização com outras instituições.

Outra iniciativa apresentada pelo especialista foi uma invenção capaz de ajudar a salvar vidas. A partir da ideia de uma profissional da medicina do hospital, a TecnoPUC desenvolveu e imprimiu em 3D um cateter para o alto fluxo de oxigênio, possibilitando ampliar a capacidade de tratamento de pacientes com Covid-19. O equipamento requer baixo custo e foi totalmente desenvolvido no próprio espaço da PUCRS.

Cultura de inovação

Se, muitas vezes, não é o alto valor de investimento que implica na capacidade de inovação, qual o requisito para as instituições? O especialista responde: cultura de inovação. “Cultura de inovação é importante porque é preciso aculturar para que as lideranças possam ouvir e acolher ideias, tanto de empresas externas, quanto dos colaboradores, que muitas vezes tem soluções para as questões internas e dificuldades do dia a dia”, explica.

É exatamente essa cultura, na visão do especialista, que irá proporcionar as condições tanto para a inovação interna quanto para a troca com empresas no desenvolvimento de soluções. Além disso, o pensamento inovador possibilita que as instituições possam assumir riscos e ser resilientes quando as validações mostrarem que algumas inovações não são viáveis.

Além de empresas, é possível buscar também parcerias com universidades e realizar ações conjuntas com outras instituições hospitalares com problemas semelhantes, ampliando a busca por soluções. “Muitas vezes se tratam de pequenas mudanças de processo que não exigem investimento financeiro, mas que trazem retornos expressivos em qualidade, economia e melhoria dos processos”, complementa Daniel.