O Serviço de Neurologia do Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital exclusivamente do país, completa 40 anos neste mês de julho como referência nacional em alta complexidade. Nestas quatro décadas, a especialidade foi estruturada e ampliada com o objetivo de promover saúde com equidade e de forma integrada. O serviço foi precursor em diversos tratamentos, especialmente voltados às doenças raras neurológicas e neuromusculares, e é considerado um dos mais completos no Brasil na área da pediatria. Somente em 2022, mais de cinco mil crianças e adolescentes foram atendidos, e 2.884 eletroencefalogramas e 44 eletroneuromiografias foram realizados.

O fundador e médico responsável pelo serviço, o neuropediatra Alfredo Löhr Júnior, relembra que quando chegou à instituição já existia o Serviço de Neurocirurgia, comandado pelo cirurgião Sérgio Machado, e um equipamento de encefalograma analógico. A neurologia ficou atrelada à neurocirurgia por alguns anos até passar a atuar com ambulatório e enfermaria independentes. “No início, eu tinha uns quatro pacientes e atendia pelo SUS e convênios. Me coloquei à disposição para casos de neurologia e tinha um bipe, que sempre que precisavam me chamavam, pois no início eu era o único médico dessa especialidade”, recorda.

Hoje, o Serviço de Neurologia conta com dez neurologistas, com formação em pediatria e que se dedicam às seguintes subáreas da neurologia: epilepsia, distúrbios de movimento e paralisia cerebral, doenças raras neurológicas (divididas em musculares, mitocondriais, erros inatos do metabolismo, degenerativas e genéticas), distúrbios neurocomportamentais e eletroencefalograma. A equipe de neurologistas (formada por: Alfredo Löhr Junior, Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos, Adriana Banzzatto, Anderson Nitsche, Daniel do Valle, Elisabete Auersvald, Marilis Tissot, Michelle Zeny, Monica Spinosa e Rafaela Grochoski) atua de forma integrada com as demais 34 especialidades médicas e com serviços multiprofissionais para propiciar melhor qualidade de vida dos pacientes.

À medida que o Hospital foi expandindo-se e recebendo mais pacientes que demandam atendimentos de alta complexidade, consequentemente, aumentaram as complicações neurológicas, as quais necessitam de avaliação e acompanhamento contínuo. “Com isso, percebemos o crescimento e a valorização da especialidade como um todo. A neurologia tem uma grande demanda da família, pois os diagnósticos são, em sua maioria, difíceis e perduram por toda a vida. Por isso, requer muita atenção, tempo e cuidado do médico especialista que acompanha cada caso”, esclarece a neuropediatra responsável pelo Ambulatório de Doenças Raras Neurológicas e preceptora da Residência de Neurologia Infantil, Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos.

Programa de Residência Médica

Com o seu compromisso de disseminar conhecimento e contribuir com a formação de profissionais para a área da saúde infantojuvenil, a instituição implantou o Programa de Residência em Neurologia há mais de 20 anos. No início, o programa recebia um residente a cada dois anos. Hoje, são quatro especialistas por ano. A Residência em Neurologia Infantil do Hospital Pequeno Príncipe é um dos processos seletivos mais concorridos do país nessa área.

O neuropediatra Alfredo Löhr Júnior reforça também como a formação de profissionais foi uma grande aliada para o serviço transformar a vida de milhares de crianças e adolescentes. “Graças a todos os médicos e demais profissionais, ao longo desses 40 anos, o Serviço de Neurologia é um dos grandes serviços do Brasil, um centro de referência, principalmente para crianças e adolescentes com doenças raras. Conseguimos atender e resolver todas as questões que vêm até nós. É gratificante ver que muitos neuropediatras que estão conosco hoje iniciaram aqui como residentes”, diz.

Diferenciais do serviço

Em relação aos marcos da especialidade durante os 40 anos, a neuropediatra Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos destaca as novas tecnologias que permitiram diagnósticos ainda mais assertivos por meio de exames genéticos, que impactaram especialmente as doenças neurológicas, genéticas e raras. “A partir do momento que conseguimos dar nome às doenças, foi possível conseguir também novos tratamentos, por exemplo, a terapia de reposição enzimática e a terapia gênica”, explica.

O avanço em diagnósticos permitiu também a sobrevida de pacientes. Por exemplo, o Hospital Pequeno Príncipe foi o primeiro do Brasil a fazer o diagnóstico da encefalite do receptor antinmda (distúrbio grave que gera alterações comportamentais, convulsões e transtorno de movimento), que até então não tinha tratamento e levava as crianças a óbito. Hoje existe a chance do paciente ter uma vida com qualidade. “A genética chegou para responder muitas perguntas que, antigamente, ficavam em aberto na neurologia”, finaliza.

Sobre o Hospital

Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais, e realiza 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Conta com 361 leitos, 68 de UTI, e em 2022, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 250 mil atendimentos e 18 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro. Também no ano passado, o Pequeno Príncipe foi eleito, pelo segundo ano consecutivo, um dos cem melhores hospitais pediátricos do mundo em um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.

Fonte: Hospital Pequeno Príncipe