A coordenadora do curso de especialização em Gestão da Qualidade do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Ana Paula Novaes, trouxe para o 12º Seminário Femipa uma visão global sobre a “Gestão da Prática Assistencial”, reforçando o que outros palestrantes já haviam defendido durante as discussões do evento: “investir em segurança traz impacto financeiro para a organização e melhora resultados”.

Ana Paula lembrou que o grande marco para que a questão da segurança nos hospitais passasse a ocupar o centro das atenções foi a publicação do livro “Errar é humano”, pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos, em 1999. A publicação trouxe à tona estatísticas bastante alarmantes em relação ao número de mortes por erro médico no sistema de saúde norte-americano: 44 mil pacientes por ano, o que na época superava as mortes por acidentes de carro e por câncer de mama.

Para a especialista em gestão da qualidade, passadas quase duas décadas desse alerta, ainda são muitos os desafios a serem superados e o principal é assegurar que a cultura de segurança seja entendida como um valor dentro das organizações de saúde. “Quando falamos que o negócio tem que refletir e apoiar uma prática segura, estamos nos referindo a organizações de alta confiabilidade”, apontou.

Nessa perspectiva, Ana Paula pontuou os principais aspectos a serem trabalhados pelas organizações que querem, de fato, estabelecer uma cultura de segurança. São eles: “a intolerância a falhas: pensar ativamente e antever os problemas potenciais; a relutância em simplificar: buscar análise profunda das falhas nos processos; a consciência situacional: entender o contexto de cada atividade e seu papel no âmbito organizacional; a valorização do conhecimento da equipe operacional: a voz de quem executa as atividades; e o compromisso com a resiliência: identificar e tratar em tempo e com assertividade os problemas”.

Ana Paula fez menção, ainda, ao documento publicado, em 2018, pela Joint Commission, organização de certificação em gestão da saúde dos Estados Unidos, que estabelece os Objetivos Nacionais de Segurança do Paciente. “Essa organização acabou tendo uma projeção grande nos Estados Unidos e também influencia nosso modelo de qualidade. Eles reviram a lista das metas de segurança, que fatalmente chegará às nossas portas daqui a um ou dois anos”, alertou. A lista traz sete metas: identificação correta do paciente; melhoria da comunicação da equipe de saúde; uso seguro de medicamentos; uso de alarmes com segurança; prevenção de infecções; identificação de riscos à segurança do paciente; e prevenção de riscos cirúrgicos.

Em linhas gerais, o principal recado da palestrante foi que a “segurança é um grande atributo da qualidade para as organizações de saúde” e que, na prática, “a gestão assistencial (que está no contexto qualidade em saúde) deve estar fundamentada no modelo de negócio, onde o paciente, a família, o cuidador tem que ser o centro das atenções”.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Interact Comunicação - Andréa Lombardo