07.07Na condição de diretor administrativo do Hospital Estadual Dr. Eulalino Ignácio de Andrade, mais conhecido como Hospital Zona Sul de Londrina, faço parte do Conselho Municipal de Saúde – segmento prestadores. Por força de lei, seja qual for o número de conselheiros de saúde, municipal, estadual ou federal, a composição representativa obedece ao seguinte critério: 50% das vagas pertencem aos usuários; 25% aos trabalhadores em saúde; 25% aos gestores e prestadores, no qual eu me incluo.

Nos dias 27 e 28 de maio aconteceu em Brasília/DF a XVIII Plenária Nacional de Conselhos de Saúde e fui indicado pelos prestadores para participar. Nesse contexto é solicitado que se faça um relatório para que apresentemos aos demais pares. Na prática, muitos acabam por transcrever o cronograma oficial do evento.

Considerando o que vi e ouvi lá, não pude tomar outra postura senão fazer uma prestação de contas mais abrangente através desse veículo de comunicação, para que a impressão que tive não fique restrita aos anais do Conselho. E não me vem outra expressão na cabeça senão a que intitula o presente artigo.

E por que digo isso? Primeiro porque a plenária foi organizada num dos mais estruturados centros de eventos do Brasil, com material de primeira linha. Somados os custos de viagens, alimentação e hospedagem para aproximadamente 2 mil pessoas, não é exagero afirmar que pode ter custado próximos a R$ 10 milhões.

Segundo: a temática central do encontro foi atacar de forma insana e irresponsável o setor privado de saúde, incluindo instituições filantrópicas, Oscips, cooperativas e, pasmem, até laboratórios que desenvolvem pesquisas para descoberta de novos medicamentos.

Na visão do diretor executivo do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Paulo Henrique de Almeida, todos esses organismos e entidades são considerados inimigos e devem ser combatidos. Ele entende que comprar medicamentos de grandes laboratórios é crime lesa-pátria, porque transfere recursos públicos para a iniciativa privada. Chama de traidor quem tem plano de saúde privada.

Ele esquece que esses ditos recursos públicos são obtidos justamente de impostos gerados pela iniciativa privada e que inclusive ele é beneficiado, pois garante proventos para ele viajar Brasil afora e fazer proselitismo insano, digno do início do século 20, onde o mundo vivia a efervescência da dicotomia marxista x liberalismo.

Em suma: um evento que consome aproximadamente R$ 10 milhões de dinheiro público para afirmar que o dinheiro público deve ser preservado e a iniciativa privada demonizada, sinceramente, achei assustador.

*Joselito Tanios Hajjar é diretor administrativo do HZS – Hospital da Zona Sul de Londrina