Muito se fala atualmente em modelos de remuneração. Para discutir o assunto, a sala temática de Gestão Hospitalar trouxe o palestrante Eduardo Regonha, consultor e especialista em gestão de custos, para falar sobre “DRG: a importância de reconhecer os custos da operação do hospital”.

Regonha comentou que, apesar de a discussão sobre modelos de remuneração ser antiga, pouca coisa mudou até 2014. Em 2010, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se envolveu no processo, já que percebia-se que o modelo fee for service não conseguiria se manter. O órgão reuniu diversas entidades e lançou alguns ensaios, como conta aprimorada, diária global e pacote, mas nada mudou. Porém, recentemente a discussão voltou à tona e o palestrante acredita que a mudança será em breve, só não se sabe, ainda, qual será o modelo.

“Estamos em 2019, e o cenário mudou, ou, pelo menos, começa a mudar. O dinheiro está cada vez mais difícil. O sistema estava crescendo, mas agora está perdendo beneficiários. O custo está alto. A população não está conseguindo mais, por exemplo, pagar o plano de saúde. A receita per capita dos hospitais começou a reduzir e, por isso, as instituições se adaptaram para não perder faturamento. A operadora desenvolveu planos de saúde com valores menores. Tudo isso veio acontecendo para se adaptar ao mercado. Por isso digo que estamos vivendo, hoje, um momento diferente. É preciso fazer algo para voltar a crescer, porque o sistema não tem como se sustentar mais”, declarou.

Durante o encontro, o palestrante citou alguns ensaios na prática: a Unimed Vitória está trabalhando com diária semi-global e também investiu em centros de atenção primária, com modelo baseado em captação; a Unimed Paraná vem trabalhando com tabelas ajustadas ao custo e iniciou o processo DRG; a Federação Unimed Santa Catarina fez uma migração baseada em custos; o Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, está fazendo negociação por tratamento; a Amil e o Hospital Sirio Libanes fizeram uma contratualização e adotaram um novo modelo de remuneração para internações clínica e cirúrgica; entre outros casos.

“As coisas estão acontecendo. Até 2014, muito se falava, mas pouco acontecia. Hoje, as coisas estão acontecendo, e os dois lados estão conversando. Os desafios são alcançar os cuidados baseados em valor, fazer com que todos os modelos tenham a excelência como meta, conseguir que todos os players se envolvam com os riscos e benefícios de cada escolha e buscar um modelo de serviço que paga por resultado”, destacou.

Dentre as opções de modelos de remuneração, Regonha citou o pagamento por pacote, o pagamento por performance. O pagamento por usuário etc. Mas para que essa mudança seja possível, o consultor afirmou que ter informações de custos é fundamental em qualquer modelo.

“Depois, fazer a migração gradual das margens, a implantação da diária semi-global e a implantação do DRG. Por fim, avançar para os modelos de performance, bandle, captação ou outros. Muito provavelmente vai acontecer um sistema híbrido, nem tudo vai mudar. O foco será no paciente e na produtividade e, para isso, será necessário ter informações de qualidade, gestão de custos como prioridade e envolvimento do médico”, afirmou.

DRG

Na palestra, Eduardo Regonha explicou sobre o DRG, que coleta as informações de perfis dos clientes no momento da entrada na unidade de saúde. Assim, cria-se uma base de dados e a partir disso, hospitais e operadoras têm acesso à quantidade de recursos necessários para cada tipo de tratamento hospitalar – medicamentos, materiais e diárias -, bem como os resultados assistenciais esperados, incluindo mortalidade e complicações associadas ao tratamento. Mas, para isso, a informação de custos é fundamental.

Então qual o melhor sistema para gestão de custos? O consultor afirmou que diversos sistemas contam com módulos de custos integrados que, se corretamente alimentados, geram as informações de custos e preços de forma dinâmica, prática e com um considerável grau de confiança.

Mas além do sistema, Regonha garantiu que o envolvimento do gestor é um fundamental para o processo de custo, assim como a confiança na informação. Ele também reforçou que a metodologia deve ser simples e comparável, facilitando a tomada de decisão. Por fim, o palestrante disse que o sistema de gestão de custos deve passar pela coleta de dados, processamento e relatórios. Cumprindo essas três etapas, as informações vêm e, assim, o gestor poderá saber o custo dentro do hospital e trabalhar na formação do preço.

“Somente uma adequada, confiável e dinâmica apuração de custos pode gerar informações para o gerenciamento e controle eficiente dos recursos, reduzindo ou eliminando desperdícios. A informação de custos deve ser muito bem elaborada. Somente com dados confiáveis conseguimos tomar decisões que podem mudar o resultado da empresa. Além disso, precisamos de informações rápidas. Não é possível tomar decisões ou analisar os custos com meses de atraso”, garantiu.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa - Interact Comunicação - Maureen Bertol