auditorioA importância de uma gestão com foco na Segurança do Paciente, com objetivo de melhorar a qualidade dos serviços e diminuir os riscos foi o tema do painel “Aplicação do Gerenciamento de Riscos na Saúde”, parte da programação do primeiro dia do Seminário Femipa, que segue até amanhã (22) em Curitiba. 

O tema foi debatido pelo médico cardiologista, superintendente médico do Hospital Samaritano de São Paulo e presidente do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, Dario Fortes Ferreira e peja jornalista Cristiane Lebelem, que conduziu o painel. 

Ferreira iniciou sua exposição afirmando que ser hospitalizado é hoje uma das atividades humanas que maior risco oferece à vida. E isso não diz respeito apenas à doença que levou ao internamento, mas muito mais a falhas na prestação do serviço de saúde. Segundo ele, conscientes dessa realidade, é preciso que as instituições busquem cada vez mais mitigar os riscos associados investindo em processos de gestão que coloquem a segurança do paciente em primeiro lugar.

Ele afirma que um conceito chave neste processo é o de governança clínica, que abrange um método de gestão no qual a instituição demonstra resultados por meio da melhoria contínua da assistência, mantendo e melhorando a confiança de todos os envolvidos nesta prestação de serviços. Essa ideia envolve a eficácia clínica, um programa de redução dos riscos e foco no paciente. 

“Hospitais são sistemas vulneráveis, exercem uma atividade extremamente complexa, com grande interatividade e graus de acoplamento”, afirmou. Para ele, portanto, é preciso que as instituições criem como cultura de estar sempre alerta aos riscos, desenvolver sensibilidade nas operações, uma preocupação com as falhas de todos os colaboradores, ter deferência à experiência e não só à hierarquia, desenvolver a resiliência e ter relutância em simplificar ocorrências. 

Caminho das pedras 

Para ele, o primeiro passo é reconhecer que o erro ocorre. “A primeira coisa é perceber que a gente causa dano e que os pacientes estão sofrendo lesão secundária das nossas ações. O primeiro ponto é o próprio internamento, o paciente só deve ficar no hospital quando isso for absolutamente necessário porque lá é um ambiente de risco”, alertou. 

“A gente precisa reconhecer que erra, aprender com os erros e se comunicar adequadamente com os pacientes e os familiares porque é o correto”, afirmou. Daí vem a segunda dica do médico para quem desejar dar os primeiros passos neste sentido: a transparência. 

“Os estudos já comprovaram que se houver transparência com o paciente ou com a família, e não tentar enganá-la diminui a quantidade de ações jurídicas contra o hospital. É preciso focar no reconhecimento que houve o erro e prestar a ajuda necessária”, orienta. “Hoje temos mais preocupação em ser demandado judicialmente em função do risco, do que pela situação que causou o risco em si”, avaliou. 

Montar um comitê de segurança do paciente que também envolva as principais áreas como a administrativa, médica, enfermagem, unidades críticas e não críticas também é essencial. Isso unido à capacitação dos profissionais de todas as áreas, incluindo limpeza e higiene, manutenção e setores administrativos. “Um dos casos comuns em hospitais, por exemplo, é a equipe de manutenção trocar as instalações do oxigênio e ar comprimido, um risco que pode ser facilmente prevenido”, citou como exemplo Ferreira.

 O presidente do Instituto Brasileiro para a Segurança do Paciente também afirmou que essa implantação não tem alto custo e pode se tornar um fator de sustentabilidade para o hospital. “A qualidade traz lucro tanto para as instituições públicas quanto para as privadas. Não conheço nenhum hospital que tenha investido na qualidade e tenha ido mal financeiramente”, diz. Segundo ele, o que é necessário para que o sistema de gestão prospere é vontade e determinação. Entre algumas das ferramentas simples mais eficazes neste setor, ele cita a auditoria clínica. Para o médico, a auditoria realizada com critérios objetivos é capaz de detectar e oportunizar a correção de falhas que podem trazer prejuízos ao paciente e se trata de uma metodologia que não envolve grandes investimentos.

Fonte Assessoria de Comunicação Femipa
Jornalista Karla Losse Mendes