O transplante hepático pode ser necessário quando o paciente apresenta cirrose descompensada, câncer primário do fígado dentro de alguns limites, falência hepática aguda, doenças metabólicas, entre outras situações. De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, a lista de espera para transplantes de órgãos e tecidos teve mais de 100 pessoas em abril 2021, incluindo homens e mulheres, que aguardam para receber a doação de um fígado.

Para algumas pessoas, esse tempo pode levar meses ou até anos. Cinara Eliza Dominski, 19 anos, que foi diagnosticada com cirrose por hepatite autoimune, esperou oito meses para receber a notícia da chegada do órgão. “Eu estava trabalhando quando me ligaram da Uopeccan, informando que finalmente eu poderia realizar o transplante. Nesse processo recebi o apoio dos meus colegas de trabalhos e minha família, assim me senti mais confiante”, diz Cinara.

“Vários fatores contribuíram para rápida recuperação da paciente: idade jovem, peso dentro da normalidade, não apresentava outras comorbidades, vinha se mantendo clinicamente bem e estável antes do transplante, não tinha descompensações da cirrose. Além disso, o fígado transplantado estava em ótimas condições, e o tempo entre a retirada do órgão e o implante na paciente foi dentro da normalidade”, enfatizou a médica hepatologista Lilian Cabral dos Santos.

O transplante de fígado pode chegar a ter sobrevida média de 80 a 90% no primeiro ano, mas, como todo e qualquer procedimento, possui riscos, sendo um deles o sangramento. Por isso, o Serviço de Transplante Hepático da Uopeccan conta com um diferencial para garantir segurança dos pacientes: o sistema de autotransfusão, que recupera parte do sangue proveniente de hemorragias durante a cirurgia e é transfundido novamente no paciente, chamado de Cell-Saver, além do equipamento de tromboelastografia, que permite o controle do funcionamento dos fatores de coagulação durante a cirurgia. “A intercorrência bastante temida por muitos pacientes transplantados é a rejeição do órgão. Nos dias atuais, com os equipamentos de última geração, essa situação é controlada mais facilmente, possibilitando a redução prolongada da internação”, explica o cirurgião do transplante Nestor Saucedo Saucedo Júnior.

A Uopeccan de Cascavel iniciou os transplantes de fígado em setembro de 2017. Até o momento, já foram realizados 148 prodecimentos. A equipe é composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, assistente social, psicóloga, entre outros. Segundo o cirurgião Matheus Takahashi Garcia, vários requisitos são necessários para o sucesso de um transplante. “A infraestrutura hospitalar, equipe especializada e bem treinada, boa combinação entre o receptor do fígado e o órgão doado, além da dedicação e apoio de todos os envolvidos. O transplante da paciente transcorreu muito bem, o órgão veio de Curitiba. Foram aproximadamente seis horas de cirurgia. Depois, ela foi para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ficou 3 dias internada e mais 4 dias no quarto, tendo alta no sétimo dia”, finaliza o Dr. Takahashi, responsável técnico pelo serviço de transplante hepático.

Com apenas um mês de pós-operatório, a paciente retomou suas atividades diárias e tem apresentado uma excelente evolução. “Minha rotina teve algumas modificações para melhor, agora tenho desenvolvido novos hábitos alimentares e estilo de vida. A doação de órgãos é um ato de amor ao próximo, uma atitude que salva outras vidas, proporcionando a nós uma nova oportunidade de viver e continuar sonhando”, conta Cinara.

Cuidados pós-operatórios

O paciente deve evitar ingerir alimentos crus e de procedência não conhecida, manter cuidados básicos de higiene, como lavagem de mãos, manter a casa limpa e arejada, evitar lugares aglomerados, principalmente em tempos de pandemia. É necessário tomar corretamente os imunossupressores, nos horários preestabelecidos, e realizar exames e consultas ambulatoriais periodicamente, conforme a orientação médica.

Tipos de doações

Para o trabnsplante, há duas formas: doador vivo, que é quando uma pessoa doa um órgão ou parte dele para ser transplantado; e o doador falecido, que é quando o doador tem morte encefálica e a família opta por realizar a doação dos órgãos. Cada órgão tem um tempo limite para ser transplantado. O fígado, por exemplo, precisa ser implantado em até 12h desde a sua retirada.

Fonte: Uopeccan