“Coloque uma visita na China na sua agenda já! Seja daqui a 6, 12 ou 24 meses, você e a sua organização têm que conhecer. A China te surpreenderá”. A sentença é de Fernando Cembranelli, que organizou o HealthcareTrek China 2019, possibilitando conhecer Hong Kong, Macau, Shenzhen e Xangai. O país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhão de pessoas, fez do investimento em inovação uma política de Estado, com metas defendidas pelo próprio governo. Dessa forma, neste começo do século 21, nenhuma nação passa por uma transformação tão impactante quanto a desencadeada pelos chineses.

A saúde no país também tem seus percalços – como no mundo todo, mas o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) caminha a passos cada vez mais largos. Como a abordagem tecnológica das empresas é incentivada pelo governo, Pequim já afirmou que quer ser líder em IA até 2030, certamente enfrentando, para alcançar seu objetivo, o poder econômico dos Estados Unidos.

Empresas como a Alibaba, que já domina os setores de comércio eletrônico e de pagamentos feitos por celular na China, atualmente está na vanguarda da IA para a saúde, elencando entre seus objetivos a criação de ferramentas de diagnóstico para ajudar os médicos. Paralelamente, a Amazon, a JPMorgan Chase e a Berkshire Hathaway atuam no país para fazer da tecnologia uma forma de prover atendimentos médicos simplificados e acessíveis, com serviços online de consultas, por exemplo. Enquanto isso, a Tencent também investiu no WeDoctor Group, que abriu a sua própria versão do “hospital do futuro” no noroeste do país, com um serviço que permite consultas por vídeo e obtenção de receitas online.

De acordo com a Yiou Intelligence, uma empresa de consultoria baseada em Pequim, mais de 130 empresas estão utilizando a IA para aumentar a eficiência do sistema de saúde chinês, envolvendo desde grandes marcas até startups menores.  Com esse cenário de empreendedorismo no setor, algumas das iniciativas mais recentes desenvolvidas na China merecem a atenção de nações de todo o planeta, como o software de IA que pode ajudar a interpretar uma tomografia computadorizada e um laboratório médico IA para ajudar os médicos nos diagnósticos, assim como o programa de imagens médicas que ajuda a detectar sinais precoces de câncer, desenvolvido na região sudoeste de Guangxi e já utilizado em mais de 100 hospitais em toda a China.

Por todas essas razões, e muitas outras que estão por vir, no mínimo é preciso refletir sobre a declaração feita num seminário recente realizado em São Francisco (EUA), por Lei Jun, fundador da gigante fabricante chinesa de celulares Xiaomi, que resumiu em uma frase o que está por trás da onda inovadora em seu país. “O futuro pertence à China. Quem não enxergar isso estará fora do jogo nos próximos anos”.

*Ademar Paes Junior é médico radiologista e presidente da ACM

Fonte: NSC Total