Foto: Bruno Santos/Folhapress

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“O SUS precisa ser integral, o que a gente tem que discutir é o rol de serviços oferecidos”, disse Lenir Santos, secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, durante o 3º Fórum a Saúde do Brasil, nesta terça (14). Lenir participou da criação do SUS, em 1988. A declaração foi feita durante a segunda mesa do evento, com o tema “É preciso repensar o modelo do SUS?”.

Segundo a secretária, o que precisa ser discutido não é a atenção integral à saúde, mas quais medicamentos e tratamentos devem ser oferecidos pelo sistema público.

“Estado e sociedade precisam definir esses serviços, como acontece em outros países que adotam modelos semelhantes”, afirmou.

Antônio Britto, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, que também participou da mesa, questionou o conceito de integralidade defendido pela secretária.

“Quem não entrega a integralidade é o próprio SUS, por falta de recursos. O SUS tem que assumir que não pode integrar tudo. O sistema que serviu para um país de 25 anos atrás não serve para hoje”, disse.

Apesar de ser crítico ao sistema público de saúde, Britto não acha que o SUS deva acabar. “Saúde é um direito de todos. Não queremos tirar esse direito.”

RECURSOS

Em maio, o ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) disse à Folha que em algum momento o país não conseguiria sustentar o SUS e que seria necessário repensar o tamanho do sistema. Ele também afirmou que seria um alívio se mais pessoas aderissem a planos suplementares.

Barros recuou da afirmação no dia seguinte e disse que o tamanho do sistema não será alterado.

Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr. é um “milagre absoluto” o SUS funcionar com os recursos que tem.

“Por um lado, é um milagre; por outro, nós temos um problema muito sério…O SUS de fato não é um sistema único, porque ele controla o lado público e regula o privado, mas não consegue integrar os dois”, afirmou.

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Stênio Miranda, também defendeu uma melhor definição na área de atuação do SUS.

“Essa é uma tarefa extremamente complexa porque envolve serviços e ações de dimensões infinitas, com uma finitude de recursos para financiá-las.”

Na abertura do evento, na manhã desta terça, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, afirmou que, durante a crise, é preciso fortalecer o SUS, não o contrário.

SEMINÁRIO

O 3º Fórum a Saúde no Brasil tem como tema a saúde em tempos de recessão e acontece nesta terça e quarta (14 e 15) das 8h30 às 13h30 no Tucarena, auditório da PUC-SP (r. Monte Alegre, 1.024, em São Paulo).

Serão debatidos aspectos como as finanças do setor de saúde suplementar e dos hospitais particulares, a viabilidade do SUS, a importância da prevenção e da atenção primária na redução de custos e a possibilidade de novos modelos de assistência médica.

Fonte: Folha de S.Paulo