fotoDurante a manhã do dia 25 de setembro, a Femipa recebeu em sua sede os representantes dos três principais candidatos ao governo do Paraná, que estão mais bem colocados nas pesquisas. Haroldo Ferreira representou Gleisi Hoffmann (PT); Carlos Homero Giacomini representou Beto Richa (PSDB); e Rosane Ferreira esteve no lugar de Roberto Requião (PMDB). Estiveram presentes no evento gestores de hospitais filiados à Femipa.

Quem recebeu os representantes foi o presidente da entidade, Luiz Soares Koury. Em cada abertura, ele reforçou o papel das santas casas e hospitais beneficentes para a saúde e explicou que os filantrópicos precisam ser mais ouvidos. Por isso, a Femipa desenvolveu o caderno com as principais reivindicações do setor.

“O governo federal está matando o SUS aos poucos e mandando as pessoas para a saúde suplementar. Quando se nega recursos para quem presta assistência, sufoca o sistema de saúde. Nossos hospitais respondem por 50% de todo o atendimento do SUS”, alerta Koury.

Para ele, os hospitais beneficentes e santas casas são complementares à assistência e fazem aquilo que o Estado não consegue fazer. Koury cita, ainda, os escândalos de corrupção que assolam o país e lembra que o dinheiro desviado por apenas um grupo seria suficiente para resolver a dívida dos filantrópicos. Segundo o presidente, as regras que existem para os convênios deveriam existir também para o SUS, como o tempo máximo para uma consulta. “Sugerimos propostas para o governo. Hoje já temos alguns programas que fizemos em conjunto com a secretaria de saúde e a Femipa, mas precisamos avançar e seguir bons exemplos. O estado de São Paulo, por exemplo, tem programas mais avançados. E não é só isso. Precisamos, também, chamar a atenção da população com a insensibilidade do governo para a saúde. As pessoas precisam ser atraídas para essa causa”, reforça.

Álvaro Quintas, diretor da área de Saúde do Grupo Marista, falou aos três representantes e resumiu o que os filantrópicos precisam. De acordo com Quintas, o maior problema do setor, hoje, é o custeio. Depois, o restante vem em conjunto, pois a instituição que tem problema de custeio não se recupera.

“Estamos na UTI há muito tempo. Alguns avanços que temos tido nos últimos anos não podem parar. Tem o IAC no governo federal, um programa do governo estadual de ajuda aos filantrópicos e esses programas nós entendemos que devem ser aprimorados, discutidos, mas tudo isso tem que avançar. Não podemos retroceder. Um governador faz uma coisa, outro faz outra e a coisa sai do eixo. Precisamos de um programa de governo para média e alta complexidade. Com todos esses anos de custeio ruim, estamos desatualizados tecnologicamente, a infraestrutura é ruim. Não conseguimos investir nem a depreciação. Instituições querem sair do setor. Nós, da área de saúde, não conseguimos ver algo concreto”, avaliou.

Para Moacir Aparecido dos Santos, administrador do Hospital Bom Jesus de Ponta Grossa, as portas que se abrem para a saúde não podem se fechar mais. É necessário focar em especialidades, consultas e cirurgias. Na opinião do administrador, o maior problema é a falta de continuidade.

“Num país democrático, existem alguns projetos bons que o próximo governo vem e corta. O Hospsus, por exemplo, está sendo excelente e tem que continuar. Em nome da minha região, pediria para manter o que está bom. Outro ponto que nos deixa frustrados é a questão de atenção básica, que é fundamental. Nas campanhas, não se fala de forma clara dos hospitais filantrópicos e santas casas. Se vocês pudessem adotar pelo menos uma proposta nos discursos de televisão, já seria interessante. Queremos ser ouvidos”, declarou.

Na opinião de Rosita Marcia Wilner, diretora da Femipa, os hospitais filantrópicos e santas casas não precisam de política de governo, mas, sim, de políticas de Estado. “Queremos poder fazer um planejamento para daqui a 10 anos e conseguirmos chegar lá”, reforça.

Flaviano Ventorim, diretor executivo do Hospital Nossa Senhora das Graças, ressaltou que, hoje, o Paraná tem um bom atendimento, porque está sempre pautado na parceria com hospitais filantrópicos e isso tem que continuar, independente de quem for eleito. Hoje, conforme ele diz, a questão premente é poder participar e ser ouvido. “Vão fazer um hospital, nos chamem, pois nós sabemos como ajudar”, exemplifica. Ventorim reforça, ainda, que os filantrópicos não são partidários e lutam pelos direitos da população. Por isso, precisam ajudar nas discussões. É importante que haja uma legislação que veja o hospital como algo diferente da indústria ou do comércio.

O diretor lembra, também, que foi de uma reunião como essa que saiu o Hospsus, um programa vem fazendo a diferença. O caminho para os filantrópicos, normalmente, são os conselhos municipal e estadual, mas o esforço, segundo ele, é muito grande, a briga é muito maior e às vezes não se chega a uma decisão.

“Estamos sofrendo, porque muita coisa é decidida na legislação que só onera os hospitais. Ninguém nunca fala de onde vem o recurso para pagar. A saúde é o único ramo da economia que não fala o seu preço. O preço da saúde quem define é o governo. Nesse momento, passamos por um novo drama: saiu uma legislação específica sanitária, que está em consulta pública. Fizemos uma série de pontuações, já que existem coisas ali que são dramáticas do ponto de vista de implementação, pois vão custar muito caro. Sabemos que são coisas importantes para a segurança dos pacientes, só que a maior parte dos hospitais do Estado não vai se enquadrar e corre o risco de não conseguir seus alvarás de vigilância sanitária. Consequentemente, não conseguirá participar dos programas. Isso pode ser catastrófico. É extremamente importante fazer um debate maior do que só uma consulta pública”, completa.