Ao fim de mais um dia do 30° Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, foi assinada carta na qual as cinco maiores entidades do setor hospitalar relatam o impacto do Piso nacional da Enfermagem para a área de saúde, com estimativa de mais de 80 mil demissões e o fechamento de 20 mil leitos.
O documento, lido pelo vice-presidente da CMB, Flaviano Feu Ventorim,  foi assinado pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
Gestores de hospitais instalados em diversas partes do Brasil, inclusive de municípios onde a Santa Casa é o único equipamento de saúde disponível, relataram a difícil situação financeira que vêm enfrentado.
O setor segue unido em busca de fonte de recurso que possa custear essa determinação, para que as entidades possam manter suas portas abertas, cumprindo a missão de cuidar da população brasileira, que confia a essas instituições o bem mais precioso: a vida.

Confira a carta:

Equipamentos de saúde do Brasil anunciam e alertam para o risco eminente de desassistência aos usuários do SUS

As cinco maiores entidades do setor hospitalar brasileiro – Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) -, reunidas em Brasília – DF, em 24 de agosto de 2022, registram e alertam o risco imediato de desassistência da população brasileira atendida pelo Sistema Único de Saúde nos próximos 90 dias.

Na ocasião da realização do 30º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, as instituições apresentaram um levantamento inédito, realizado em apenas 04 dias, com a participação de 2.511 instituições, que apontam os impactos da Lei que estabelece o piso salarial nacional da Enfermagem em estabelecimentos de saúde de todo o país.

Dentre os participantes, 42,9% são hospitais, 52,6% são serviços de diagnóstico, 3,2% são clínicas especializadas, 0,9% são homecare e 0,3% são institutos de longa permanência para idosos. Quando classificados em relação ao tamanho, 12,1% são considerados de grande porte, 19,0% de médio porte e 3,5% de pequeno porte, demais instituições 55,4%. Já em relação à natureza jurídica das instituições, 35% não têm fins lucrativos.

Segundo a pesquisa, a folha de pagamento, que já representava a maior despesa dos hospitais, será onerada, em média, em 60% – sendo que, em hospitais de pequeno porte, este ônus será de 64%. Diante deste cenário, foi questionado aos estabelecimentos quais medidas deverão ser tomadas para viabilizar a continuidade da operação, e os dados mostram que 51% terão de reduzir o número de leitos, 77% terão de reduzir o corpo de enfermagem, 65% terão de reduzir o quadro de colaboradores em outras áreas e 59% terão de cancelar investimentos. Muitos entrevistados sinalizaram a necessidade de ter que adotar mais de uma destas medidas para conseguir o recurso financeiro para o cumprimento da nova lei.

Em relação à redução de leitos, a pesquisa aponta que serão fechados cerca de 27 leitos por instituição, ou seja, mais de 20 mil leitos. Além disso, o resultado do levantamento mostra que mais de 83 mil postos de trabalho terão de ser fechados apenas nas instituições respondentes.

Diante desse cenário, o momento é de alerta máximo. A previsão de demissões e redução de oferta de serviços é imediata e o grupo oficializa o Ministério Público, gestores federais, estaduais, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário nacional, tornando pública a responsabilidade de todos para uma ação conjunta e ágil para assegurar o direito constitucional ao acesso à saúde dos brasileiros.

Registramos novamente o reconhecimento à justa remuneração da enfermagem, mas a falta de um debate amplo sobre as consequências do projeto e fontes para seu pagamento, e a necessidade de apelar ao Supremo Tribunal Federal através de Ação Direta de Inconstitucionalidade, entregue à relatoria do ilustre Ministro Luís Roberto Barroso, diante da gravidade do cenário que se aproxima.

Quem se detiver na análise dos documentos apresentados ao STF vai constatar o que temos repetido à exaustão: os hospitais e a rede de medicina diagnóstica não se negam a pagar, mas não há financiamento que permita honrar esse compromisso, nem sequer por um mês, sem medidas drásticas que afetam diretamente a população e os profissionais de saúde.

Com resiliência e esperança, desejamos ser ouvidos para que a rede de saúde não sofra um desmonte nos próximos dias.

Fonte: CMB