Com o objetivo de ajudar no combate à COVID-19, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) têm desenvolvido uma série de estudos para compreender melhor a doença e aprimorar seu tratamento. Duas dessas pesquisas foram publicadas recentemente em veículos científicos internacionais e trouxeram resultados importantes. 

Foco nos vasos  No trabalho “Endothelial Dysfunction and Thrombosis in Patients With Covid-19” (“Disfunção endotelial e trombose em pacientes com Covid-19”), os especialistas observaram que indivíduos infectados pelo coronavírus apresentam lesão de célula endotelial, célula que reveste o vaso, e buscaram compreender de que forma essa lesão aparece e se relaciona ao SARS-CoV-2 e como ela pode ocasionar trombose, levando o paciente a óbito.  

Para se chegar aos resultados, foram analisadas amostras post mortem de pacientes com idade média de 75 anos e com comorbidades como hipertensão arterial, diabetes e obesidade. 

“Nossos resultados demonstraram que o endotélio (camada de células endoteliais) que reveste nossos vasos está sendo lesado pelo vírus e pela inflamação que o vírus causa. Além disso, conseguimos esclarecer parte dos mecanismos dessa lesão. O estudo sugere que o uso de anticoagulantes precocemente pode ajudar no tratamento da COVID-19, a fim de evitar os trombos – afirma a professora da Escola de Medicina da PUCPR Lucia de Noronha, uma das responsáveis pelas pesquisas. 

Foco nos pulmões – Já o estudo “Mast cell degranulation inalveolar septa and SARS-CoV-2-: a pathogenic pathway linking interstitial edema to immunothrombosis” (“Degranulação de mastócitos em septo alveolar e SARS-CoV-2: uma via patogênica que liga o edema intersticial à imunotrombose”, em português) consiste na contagem dos mastócitos, células ligadas a reações alérgicas, nos pulmões de pacientes com COVID-19, para então compará-los com outras doenças, a fim de inferir qual é o papel dessas células nas infecções por coronavírus. 

Segundo Lucia, os resultados mostraram que as pessoas com COVID-19 têm mais mastócitos do que pacientes infectados por outros tipos de doenças respiratórias, como o H1N1. Isso sugere que a célula pode ter um papel na evolução da doença e ajuda a compreender como a doença provoca lesões nos pulmões e em outros órgãos, como o coração. 

“A descoberta também ajuda no tratamento da doença, pois indica que talvez possamos usar medicamentos que estabilizem os mastócitos, já que o vírus parece causar uma desestabilização dessas células, que passam a liberar grânulos ricos em substâncias que agravam o processo inflamatório, agravam a lesão vascular e propiciam a trombose”, explica a pesquisadora. 

Pesquisas em construção – Ambas as pesquisas estão inseridas em um projeto maior do Hospital Marcelino Champagnat, do Grupo Marista, sobre o novo coronavírus. Há estudos envolvendo tanto análises de amostras post mortem como pesquisas com pacientes que sobreviveram, bem como estudos de imagem e dados clínicos.  

A ideia é que haja um aprofundamento cada vez maior a respeito da doença que infectou mais de 4 milhões de brasileiros para que, num futuro próximo, seu tratamento possa ser mais eficaz. 

Fonte: PUCPR