12.08 2De acordo com o recente relatório da KPMG “O que dá certo: gerando mais valor em conjunto com pacientes, cuidadores e comunidades” (do original em inglês, What Works: Creating more value with patients, carers and communities), foi constatado que os maiores desafios da saúde pública no Brasil são o acesso do paciente ao Sistema Único de Saúde (SUS), tanto na atenção primária quanto na secundária, e a variação geográfica no atendimento em função de uma rede descentralizada. O estudo citou ainda outros problemas como tamanho da rede de saúde que não é grande o suficiente para atender a toda população, velocidade de tempo para chegar a um diagnóstico inicial e falta de canais de reclamação.

“No Brasil, o cuidado de primeiro mundo acontece em hospitais que ficam, por exemplo, em São Paulo, que tem um contraste muito grande com outras partes do país como o Norte e o Nordeste onde os médicos podem não ter o mesmo grau de conhecimento, equipamentos hospitalares e exames importantes”, explica o sócio da KPMG no Brasil, Marco Boscolo.

O levantamento apontou ainda pontos deficientes também na saúde privada: as exigências burocráticas desnecessárias por parte dos planos de saúde que criam atrasos significativos no acesso ao cuidado. Já com relação à pesquisa clínica aplicada à saúde, o estudo mostrou que os pacientes estão frustrados com o acesso desigual e inconsistente às drogas, dificuldades em participar de ensaios clínicos e atrasos na aprovação de novas tecnologias e tratamentos.

“Medicamentos já em uso com sucesso em outros países têm que passar por procedimentos morosos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Medicina Suplementar”, explica.

Pacientes têm nas mãos a chave para melhorar os sistemas e reduzir os custos

Os pacientes e seus cuidadores devem estar mais envolvidos em escolhas de tratamento, plano e pesquisa de saúde. Segundo o documento, falha em buscar entender os pacientes geralmente resulta em diagnósticos e em tratamentos em excesso, aumentando os custos e comprometendo os resultados. Por isso, ele defende uma abordagem muito mais centralizada no paciente para os sistemas de saúde, focada não somente na diagnose e nos tratamentos de doenças tradicionais, mas também nos objetivos e nos perfis de saúde individuais dos pacientes.

“Precisamos mudar a cultura dos sistemas de saúde para que os pacientes – e seus cuidadores – sejam participantes ativos em seus próprios serviços de saúde e no planejamento destes”, diz sócio da KPMG no Reino Unido e líder da prática global de Saúde da KPMG, Mark Britnell. “Isso deverá levar a resultados melhores e, por meio da remoção de medidas que não agregam valor no processo de assistência médica, também deverá resultar em economias consideráveis”, explica.

O relatório mostra que as pessoas que têm doenças crônicas passam apenas uma pequena parte de seu tempo sob os cuidados de um especialista clínico. Grande parte dos cuidados com a saúde é suprida por elas mesmas, por seus cuidadores ou por seus familiares. Em função disso, os pacientes “capacitados” – aqueles que possuem a habilidade, a capacidade e a disposição para gerir sua própria saúde e seus próprios serviços de saúde – podem obter maiores resultados em relação à saúde, a menores custos.

Por meio de treinamentos e incentivos os profissionais de saúde podem dar suporte aos autodiagnósticos e à autogestão de doenças, utilizando tecnologia de comunicação e recursos como farmacêuticos e trabalhadores comunitários. A mídia social está criando novas comunidades de pacientes que são recursos subutilizados, de acordo com Britnell. “Novos aplicativos, como o “iWantGreatCare”, estão sendo utilizados por pacientes no Reino Unido para o compartilhamento de informações e experiências. Os especialistas clínicos e os administradores podem beneficiar-se com a participação nessas novas comunidades e com a busca por novas maneiras de gerar valor a partir de seus ativos existentes.”

Fonte: FBH