Na tarde da última terça-feira, 11, a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) recebeu três candidatos ao governo do Estado para apresentar as demandas do setor filantrópico e ouvir as propostas deles para a Saúde. Ratinho Jr., João Arruda e Cida Borghetti estiveram no encontro, que aconteceu no Salão Nobre da Santa Casa de Curitiba e reuniu representantes das santas casas e hospitais filantrópicos de todo o Paraná. Dr. Rosinha também havia confirmado participação no evento, mas não pode comparecer por um imprevisto na agenda. O documento preparado pela Federação pode ser acessado neste link.

Flaviano Feu Ventorim, presidente da Femipa, recepcionou os candidatos e destacou que o Caderno de Propostas elaborado pela Federação traz propostas sólidas, com ações que vêm se consolidando ao longo dos anos, e que podem contribuir para os planos de governo dos candidatos. Na avaliação dele, o segmento hospitalar tem grande importância para a economia. “Os hospitais movimentam diversas áreas nas grandes cidades. Quanto maior ele for, mais negócios ele gera, mas não somos vistos dessa forma. Não sofremos com a crise, porque estamos continuamente em crise”, alertou.

Segundo ele, a Femipa sempre esteve aberta a todos os governantes para ajudar. Dentre as demandas, Ventorim citou a necessidade de o programa HospSUS ser transformado em uma política de Estado para trazer segurança aos hospitais.

“O HospSUS hoje nos traz um suspiro. E o mais importante é que ele não é um programa de apoio financeiro, mas, sim, de apoio à gestão dos hospitais; é pautado em metas qualitativas e quantitativas, com um processo de avaliação. Hoje, é isso que mantém muitas santas casas e hospitais filantrópicos de portas abertas. O que precisamos é que o programa seja transformado em uma política de Estado, algo que estamos pleiteando há muito tempo, justamente por saber que o HospSUS é fundamental para os hospitais”, garantiu.

Além dessa reivindicação, o presidente da Femipa afirmou também que é preciso contar com o apoio do governo junto aos municípios e que é necessário dar vocacionamento às instituições menores. “Já ouvimos que os hospitais de pequeno porte são inviáveis e precisam fechar. Mas não, o que eles precisam é de vocação. Precisamos de unidades de retaguarda que atendam a população na emergência. Para isso tudo, precisamos trabalhar juntos, em uma grande parceria entre Estado, municípios, conselhos de Saúde, entidades e sociedade”, disse.

Ventorim ressaltou, ainda, que o Paraná tem excelentes hospitais com alta tecnologia; hospitais que atuam na vanguarda, desenvolvendo pesquisas; hospitais de todos os tipos – gerais, pediátricos, maternidades, de grande e pequeno porte. Mas todas essas entidades precisam de uma direção, já que a dinâmica da Saúde é muito rápida.

“Podemos fazer mais, mas nossa capacidade de gestão chega ao limite por conta da capacidade financeira. Queremos construir uma saúde mais forte. Somos parceiros. As santas casas e hospitais filantrópicos estão ao lado da população. O Paraná é diferente dos demais, porque as instituições filantrópicas são muito fortes e ajudam muito o Estado. Por isso, queremos que os governantes nos acolham. Em troca, eles terão uma sociedade muito mais saudável. Não queremos vender cura de doença, mas vender prevenção. Temos condição de fazer muita coisa em prol da população do Paraná”, completou.

Confira abaixo um resumo do que cada candidato apresentou durante o encontro:

Ratinho Jr.

“O modelo de gestão pública faliu. As pessoas não confiam mais na política, pois os governantes não entregaram o que sempre prometeram para o cidadão. Queremos apresentar uma nova metodologia de trabalho, resgatando a esperança das pessoas nos agentes públicos do país. Para isso, vamos entender o que os países de primeiro mundo fizeram para dar um salto qualitativo. Um dos passos é realizar um planejamento a médio e longo prazos. Depois, descobrir qual a vocação, o que se faz de melhor para transformar isso numa matriz econômica que dê sustentação. O Paraná é o Estado que mais produz alimento por metro quadrado. Essa deve ser a grande matriz econômica, já que um terço do nosso PIB é o agronegócio. Mas tudo isso deve ser planejado. O Paraná tem que ser gerido como se fosse um país em todas as áreas, devido ao tamanho e à importância.

Sabemos que temos diversos Paranás dentro de um. Temos que pensar em vocações regionais em todas as áreas. Para isso, vamos criar agências de desenvolvimento econômico e social, porque cada região tem sua vocação. Queremos trazer as universidades para ajudar a pensar nisso, a sociedade civil organizada para colaborar.

Precisamos preparar o Paraná para um Estado idoso. Em 2022, teremos mais idosos do que crianças, e não temos no Brasil uma política pública para esse envelhecimento. Vamos fazer do Paraná um Estado pioneiro nesse sentido.

As santas casas e hospitais filantrópicos têm papel fundamental para o desenvolvimento da Saúde do Estado. Esse segmento avançou muito bem na gestão do ex-secretário Michele Caputo neto. Foi criado, por exemplo, o HospSUS, que é um excelente projeto de parceria. Nosso objetivo é manter tudo aquilo que foi bom e avançar no que for possível dentro do orçamento do Estado. Vamos ampliar a parceria com essas instituições.

Sabemos que a baixa qualidade no atendimento da atenção primária acaba superlotando os hospitais. Por isso, vamos fazer um trabalho de parceira com municípios, em especial na qualificação do servidor, para qualificar aqueles que estão na linha de frente, porque tudo é uma cadeia.

Temos que trabalhar custeio, já que um dos grandes problemas dos hospitais é o custo fixo mensal, e somente o SUS não consegue remunerar de forma adequada. Precisamos também potencializar a gestão, em especial nos centros de especialidades. O trabalho com mutirões também é fundamental, mas sabemos que, hoje, a remuneração é ruim. Nossa proposta é potencializar isso conforme orçamento do Estado. Também queremos criar um ecossistema possível de se trazer mais tecnologia, pois entendemos que isso é fundamental para trazer benefícios do cidadão.

Nosso compromisso é fazer parcerias profundas, trabalhar hospitais menores para serem hospitais de retaguarda no tratamento paliativo e fortalecer essa parceria, já que vocês atendem aproximadamente 60% dos internamentos do Estado. Eu imagino o caos que seria se as santas casas e hospitais filantrópicos fechassem as portas. Por isso, precisamos manter essa relação de parceria, construir esse relacionamento aberto.

Também precisamos parar de discutir ideologia e passar a discutir metodologia, o que dá certo para um bom atendimento ao cidadão. É dessa forma que vamos pensar na nossa gestão. Conhecemos a realidade do trabalho de vocês, e esse é um trabalho reconhecido pela população de modo geral.

O Paraná tem uma história bonita. Tivemos bons governadores, mas eu vejo que consigo transformá-lo no Estado mais moderno do Brasil. Vamos mudar algumas práticas que precisam ser mudadas, fazer a ruptura com o modelo de gestão pública que vem sendo feito até então. Está no nosso plano diminuir em 50% o número de secretarias, para podermos focar naquilo que os paranaenses precisam para ter qualidade de vida, que é saúde, segurança, educação, geração de emprego. Vamos fazer com que o estado possa ser mais dinâmico, com mais precisão, rapidez, inteligência, tecnologia e inovação, sem medo de fazer rupturas com modelo tradicional.

Vocês, que vivem a Saúde todos os dias, devem participar. Estamos abertos a sugestões”.

João Arruda

“Participar dessa conversa é muito importante. O quadro hoje é bastante difícil. A Saúde precisa de investimento, estrutura, equipamentos, profissionais, e tudo isso tem um custo. A cada estrutura nova, criamos contas.

Sou parceiro das santas casas, como deputado federal sou da Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas. Fui coordenador da bancada do Paraná, também fui relator setorial da comissão de orçamento, que tratou exatamente da Saúde. Comecei a liderar o processo de indicações de emendas para custeio naquele momento. Também pude trabalhar a possibilidade de colocar emendas para ambulâncias e carros para a Saúde. Meu mandato tem sido pautado nos últimos anos para o interesse da Saúde pública do Paraná e do Brasil.

A minha ideia é que antes de inventar, é preciso consertar. Temos estruturas regionais que têm tamanho adequado para atender nossa demanda, mas muitas não estão sendo utilizadas como poderiam ser. Em alguns casos, estão abandonadas. Precisamos fazer um diagnóstico para saber o que o Estado tem. Em algumas regiões, onde precisarmos complementar os hospitais regionais, nós faremos isso. Mas, antes disso, vamos fazer um diagnóstico claro do que temos e colocar para funcionar bem.

Em regiões em que não conseguimos atender toda a demanda, vamos precisar criar novas alternativas para complementar esse atendimento. Quero utilizar muito as instituições filantrópicas e as santas casas, que podem abrir espaço em suas estruturas para convênios. Nós também podemos criar as nossas estruturas e fazer parcerias para que essas instituições prestem atendimento dentro dessas unidades. Precisamos aproveitar o know-how e expertise de vocês.

Temos que tomar exemplos. Temos que debater um formato onde possamos trabalhar juntos. Não tem sentido termos estruturas de atenção à Saúde quebradas, com dívidas, e termos estruturas ociosas pertencentes ao governo. As duas coisas podem funcionar com estrutura adequada. Eu quero ser parceiro de vocês, porque entendo que vocês podem nos ajudar a prestar um melhor atendimento.

Vamos para Brasília juntos, porque precisamos rever a tabela SUS. É uma possibilidade, não vou me comprometer com isso já, porque preciso estudar o orçamento, mas há a possibilidade.

Queremos que a arrecadação do Estado melhore, mas precisamos preservar o orçamento do Paraná para daqui a 15, 20, 30 anos. O maior legado que podemos deixar é planejamento para que os próximos governantes possam seguir diretrizes. Vou aproveitar as boas ações e darei continuidade às coisas positivas dessa gestão.

Não posso assumir compromisso com complementação da tabela do SUS, mas pretendo lutar por isso. Tenho capacidade de articulação, terei força em Brasília para tentar rever isso, mobilizando outros governadores e outras estruturas políticas. Também vou lutar por recursos em Brasília, pois temos bons resultados quando isso acontece.

Precisamos de um governo que seja bom para todos os paranaenses, que serva a todos, às instituições filantrópicas, aos hospitais, aos médicos, aos mutirões, aos professores, aos agricultores. A todos. Precisamos focar naquilo que é bom para o nosso Estado.

Com relação às propostas apresentadas pela Femipa, analisei tudo. Algumas coisas posso assumir compromisso a partir de já, outras prefiro esperar para não decepcionar ninguém. Gosto muito da ideia de investimentos em qualificação técnica, novos projetos de assistência ao paciente. Isso podemos fazer a partir de nossas universidades, com novas soluções, novas ideias, tecnologia. Universidades têm que ser verdadeiros laboratórios para ajudar na formulação de políticas públicas que podemos implantar no governo.

Aprendi com os hospitais que se economiza muito no atendimento com a prevenção. Nós precisamos trabalhar com campanhas, medidas preventivas que possam fazer com que gastemos menos do que no tratamento. Com certeza quando fazemos esse filtro e apresentamos soluções para o paciente, gastamos menos. Queremos fazer gestão inteligente em parceria com universidades. Também precisamos ampliar a parceria com os municípios. Dinheiro público não serve apenas para entrega de ambulâncias. É preciso conceito sério do que queremos. Preciso participar mesmo desses debates, confrontar ideias e propostas. Vou onde tiver que ir para discutir o futuro do Estado, para respeitar a democracia e o eleitor.

Com relação ao meu plano de governo, vou buscar a geração de emprego e renda. Queremos trabalhar desenvolvimento regional através de apoio na agência de fomento e BRDE, para empresas que se instalem em regiões que tem IDH mais baixo, por exemplo.

Faremos investimentos nas micro e pequenas empresas, política de troca de impostos por empregos. Também vamos colocar fim na substituição tributária, fazendo o que Santa Catarina fez, progressivamente acabando com a substituição tributária.

Nosso objetivo é trabalhar por cidades sustentáveis, mas, para isso, precisamos de um diagnóstico claro do que temos, para que o governo ajude a construir o que a cidade precisa. Vamos trabalhar com critérios.

Pretendo trabalhar com sete eixos: gestão; saúde publica; educação; segurança; cidades; desenvolvimento econômico; e desenvolvimento social. E estou aberto às contribuições de vocês”.

Cida Borghetti

“Agradecemos o trabalho incansável de vocês. A saúde é um tema que diz respeito a todos nós e é protagonista no nosso plano de governo.

Quem conhece minha trajetória sabe das bandeiras que sempre defendi. O Paraná é um dos Estados que mais investiu em saúde pública, mas sabemos que precisamos fazer mais, precisamos avançar.

Assim que assumi o governo, me reuni com o novo secretario Antonio Carlos Nardi. Precisávamos rapidamente ampliar a regionalização, para fazer com que os pacientes possam viajar menos em busca de consulta especializada, cirurgia etc. Essa ampliação faria toda a diferença, e acho que podemos servir de exemplo para outros Estados.

Nosso programa traz o projeto Corujão, algo que já existe em São Paulo. Nele, a Secretaria de Saúde faz convênio com clínicas que já atendem SUS, para que essas instituições possam atender através de um convênio no horário noturno, depois das 18h. Esse é o nosso foco. Estamos adaptando para o modelo do Paraná, e vocês serão fundamentais nesse processo.

Outra proposta é a Carreta da Saúde, com consultórios para médicos especialistas, laboratório de imagem que possa ser transportado e um gabinete específico para saúde mental. Essas carretas irão às regiões mais deprimidas do Paraná, onde não temos a presença do médico, unidades de saúde etc. Assim poderemos trazer um conforto maior à população que não tem acesso.

Também pretendo adotar um programa de saúde na escola, para fazer exames nas crianças, com profissionais que possam cuidar dos alunos e dos professores. Vacinas, saúde bucal e diversas outras áreas.

São varias ações que constam no nosso plano; reforçar o aero médico, atender o idoso, o trabalhador. Tenho certeza que no caderno vou encontrar ações que possam contribuir com nosso plano de governo.

Temos uma linha de financiamento via Fomento Paraná disponível para vocês.

Com relação à utilização de leitos de UTI, é possível fazermos um retrato do que temos no Paraná e mapearmos. Devemos apoiar e investir na regionalização, o que vai fazer com que as pessoas que tenham a real necessidade dos leitos possam ter o acesso.

Temos essa visão de humanizar a saúde. Temos comprometimento, ética, amor à causa. Vamos analisar o caderno e ver o que é possível introduzir. Temos um plano bastante ‘pé no chão’. Algumas ações já estão sendo feitas desde o dia que assumi o governo.

Sobre o plano de governo, a vocação regional é algo bastante importante para gerar riqueza, renda, oportunidade. Queremos também ampliar o programa Paraná Competitivo.

Também vamos focar em educação, que é a ferramenta mais importante para a transformação de uma sociedade. Vamos resgatar o programa Criança Feliz, pois se investirmos na primeira infância, teremos jovens e adultos preparados para o mercado de trabalho.

Estamos governando o Paraná com seriedade e transparência. Tenho um gabinete de portas abertas, não tenho cartilha partidária, esse é meu jeito de trabalhar.  Desde que assumi, foram R$ 6 bilhões de reais para atender municípios, mais de três mil convênios fechados em todas as áreas. Pagamos todas as promoções e progressões dos funcionários. Colocamos em prática o governo digital, com 250 serviços que podem ser acessados pelo computador, celular ou tablet.

Esse é nosso ritmo, temos que estar atento às demandas da população do Paraná”.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa