utiDois estudos conduzidos pelo HCor estão buscando reduzir os índices de mortalidade e de complicações em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os trabalhos são liderados pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), do próprio HCor, e contam com a participação de instituições nacionais e internacionais.

Alexandre Biasi, coordenador de pesquisas do IEP e responsável pelos estudos, diz que é necessário buscar formas seguras, baseadas em evidências científicas, de melhorar os cuidados dos pacientes em terapia intensiva – cuja saúde fragilizada é um fator de complicação do tratamento.

O primeiro projeto investiga a eficácia de um protocolo contra a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA), que acomete até 15% dos pacientes de UTI, sendo fatal para metade deles. O estudo foi batizado de ART (sigla em inglês para Pesquisa de Recrutamento Alveolar).

O projeto foi idealizado e desenvolvido por pesquisadores do IEP HCor, que repassou os protocolos de investigação para centros médicos na Itália e na Espanha. A pesquisa está em andamento desde dezembro de 2012 e deve ser concluída em 2015, com a participação de 1200 pacientes, provenientes de 130 UTI’s.

O protocolo investigado consiste na combinação de duas técnicas: recrutamento pulmonar e peep. Ambos são baseados no uso de maior pressão para a respiração artificial de pacientes acometidos pela síndrome, que limita a capacidade pulmonar.

O estudo é conduzido com apoio do Ministério da Saúde, por meio de recursos do PROADI (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde), e está sendo realizado em parceria com a AMIB-Net, a rede de pesquisas da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira).

Protocolos
O outro projeto de pesquisa está prestes a começar, em parceria com Hospital Samaritano (SP) e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). A previsão de início é para setembro, envolvendo 152 UTIs no Brasil, com conclusão estimada para cerca de um ano depois.

O objetivo do estudo, chamado de Checklist-ICU, é aperfeiçoar o atendimento aos pacientes. Para isso, serão elaborados checklists, com indicação dos cuidados fundamentais aos pacientes graves. Haverá também um espaço no prontuário para registrar as metas de cuidado para o dia.

O método deve ser aplicado a todos os pacientes pelos profissionais que participam da visita multiprofissional, que pode envolver médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e farmacêuticos. O checklist deve ficar junto ao prontuário do paciente, indicando a necessidade dele para aquele dia ou momento.

Segundo Biasi, apenas 5% da equipe consegue compreender as metas de atendimento. O objetivo do checklist é elevar o índice para 95%.

O estudo é composto por duas fases de seis meses cada. Na primeira, as 152 UTIs irão acompanhar 60 pacientes, admitidos consecutivamente, e informar os índices de mortalidade, de pneumonia por ventilação mecânica e de incidência de infecções da corrente sanguínea. No segundo momento, as UTIs serão separadas em dois grupos, em processo randomizado. Um deles receberá treinamento e adotará o processo do checklist.

O estudo é financiado com recursos do BNDES, mediante aprovação da Anvisa e Proadi (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS). Também recebe o apoio da Rede de Pesquisa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB-Net), BRICNet (Brazilian Research in Intensive Care Network) e do Instituto Latino Americano para Estudo da Sepse (ILAS).

Fonte: Saúde Web