Aproximadamente 90% dos atendimentos de emergência realizados em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, desde o tornado ocorrido na última quinta-feira (08), foram realizados por Hospitais Filantrópicos da região oeste, localizados nas cidades de Laranjeiras do Sul (distante a 20 km) e Guarapuava (a 110 km de distância).
O levantamento da Femipa – Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná – apontou que apenas o Hospital São Lucas e o Instituto São José, ambos de Laranjeiras do Sul e mais próximos do local do tornado, foram responsáveis por cerca de 600 atendimentos em um período de 48 horas. Isso representa um aumento de 2.865% ou 29,65 vezes superior ao número normal de emergências, que giram em torno de 20 casos a cada dois dias.
Ambas as entidades de Laranjeiras são responsáveis pelo atendimento de cerca de 90 mil pessoas de sete municípios , todos ligados a 5a regional de saúde.
Os pacientes mais graves foram deslocados para outros dois hospitais filantrópicos em Guarapuava, o Hospital São Vicente e o Instituto Virmond.
O presidente da Femipa, Charles London, disse que o fortalecimento dos hospitais do interior do Paraná tem sido fundamental. “O suporte que os hospitais filantrópicos tornaram-se ainda mais significativos, especialmente neste momento de adversidades, pois são pontos de assistência hospitalar direta à população. Em outras palavras, onde há uma instituição filantrópica, há cuidado, acolhimento e resposta concreta às necessidades locais. Cada uma dessas entidades representa não apenas um espaço de atendimento, mas a personificação do compromisso com a vida e com a saúde coletiva”, afirmou London. Ele destacou a importância destes hospitais, bem como das equipes de voluntários que prestaram atendimento nas 48 horas seguintes após o ocorrido.
Além de médicos, enfermeiros e socorristas, os Hospitais receberam a ajuda de voluntários, entre eles, estagiários e técnicos de enfermagem e técnicos, estagiários de medicina, familiares de funcionários, ex-funcionários e funcionários terceirizados.
“A mobilização nos ajudou a salvar muitas vidas que poderiam ter sido perdidas caso não tivéssemos estrutura adequada”, ressaltou Marcelo Parassin, diretor do Hospital São Lucas. Ele reforça que se não tivesse estes dois hospitais próximo a Rio Bonito, provavelmente as ambulâncias teriam dificuldade de chegar em um momento de tempestade e tornado em em outros centros de assistência. “Já tivemos dois incidentes semelhantes, sendo um em Nova Laranjeiras, em 1997, e agora Rio Bonito em 2025, ou seja, existe uma predisposição. Dos dez maiores tornados já registrados no Brasil, dois foram em nossa região”, lamentou.

Legenda: Imagem do pronto-atendimento cedida pelo Hospital São Lucas
Já a diretora do Instituto São José, que concentrou o maior volume de emergências, Maressa Morati, contou que chovia torrencialmente na cidade, enquanto os pacientes chegavam. “Nossas equipes que estavam saindo do plantão permaneceram e outras que estavam de folga foram chamadas. Vivenciamos momentos muito difíceis porque as vítimas chegavam em situações complexas. Foi um ato heróico dos nossos profissionais, abrimos todos os nossos quartos, todos os nossos centros cirúrgicos e tinham vítimas sendo suturadas em meio ao corredor”, relembra Maressa. “Nosso estoque de medicamento foi comprometido e ainda estamos tentando restaurar, pois os atendimentos continuam ocorrendo dos pacientes que estão trabalhando na reconstrução da cidade de Rio Bonito”, mencionou Maressa.

Legenda: Imagem da recepção do Instituto São José
Números – O Instituto São José concentrou o maior volume, com 455 atendimentos realizados, sendo 24 internações, 4 pacientes em UTI (nenhum em estado grave) e 4 óbitos registrados. O Centro Médico Hospitalar São Lucas contabilizou 239 atendimentos, até esta terça-feira (11), incluindo transferências, atendimento de crianças e gestantes. O hospital mantém 8 pacientes internados.
Na UBS Dr. Felipe de Sio (Postão), foram prestados 143 atendimentos à população, reforçando o trabalho das equipes básicas de saúde. A Faculdade Campo Real, que também atua no apoio médico, registrou 18 atendimentos, enquanto o SAMU somou 81 ocorrências, entre atendimentos primários, transferências e regulação. No total, 32 pacientes permanecem internados, sendo 4 em UTI, sem casos graves até o momento.
As equipes de saúde continuam mobilizadas no atendimento às vítimas e na manutenção da assistência hospitalar nos municípios atingidos.
A Femipa reiterou que os hospitais filantrópicos não são públicos, mas cumprem com responsabilidade uma função pública essencial. “ Eles atendem a mais da metade da demanda do SUS e realizam esse trabalho com enorme esforço de gestão, recursos limitados e, muitas vezes, com grande dependência de emendas parlamentares, convênios e apoio da própria população”, lembra Charles.
Outro ponto importante é que a atuação dos hospitais filantrópicos vai além da prestação de serviços médicos. “Eles geram emprego, qualificam profissionais e são agentes ativos no fortalecimento do sistema de saúde como um todo. Por isso, a sustentabilidade do setor precisa ser tratada como prioridade”, completa.

Legenda: Imagem da frente do Instituto São José, em Laranjeiras do Sul
Sobre a Femipa – A entidade representa 102 instituições hospitalares no Estado. Os hospitais afiliados à Femipa são responsáveis por mais de 50% dos atendimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado e chegam a atender 70% da demanda no Estado em procedimentos de alta complexidade.
Fonte: Femipa
