Janeiro é o mês de se discutir a saúde mental. E, neste ano, a Campanha Janeiro Branco é voltada ao tema “doença mental e a pandemia”. Por isso, como forma de contribuir com esta importante ação de abrangência mundial, o Hospital Psiquiátrico de Maringá desenvolveu a campanha “Saúde Mental: é preciso falar sobre…”, tratando da temática em uma série de postagens em diversos meios, a exemplo das redes sociais.

Para iniciar a série, é importante falar a respeito da depressão, considerada a doença do século, cujo número de casos vem aumentando em todo o mundo. Com a pandemia, a situação agrava-se mais ainda. Como a depressão muitas vezes é uma doença silenciosa – sem manifestação física –, a pessoa acometida pela enfermidade sofre pela falta de apoio de amigos e familiares. Por isso, “é importante se falar a respeito, vencendo tabus e estigmas”, aponta o médico psiquiatra Dr. Paulo Vecchi Abdala, diretor clínico do HPM.

POPULAÇÃO MAIS ANSIOSA
Conforme reportagem da Agência Brasil, uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e julho deste ano revela que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia do novo coronavírus, o que tende a agravar as doenças mentais, como a depressão.

“A principal conclusão da pesquisa foi que, nesse período de pandemia, as pessoas desenvolveram ou aumentaram – quem já tinha – sintomas de estresse, ansiedade ou depressão. Isso foi bem marcante, até porque, quando se comparam os nossos dados com os de outros países, como Itália e China, 80% da população da nossa amostra chegaram a reportar sintomas moderados a graves de ansiedade e 68%, depressão”, disse à Agência Brasil a professora da UFRGS Adriane Ribeiro Rosa, coordenadora da pesquisa.

Em média, nos outros países, o índice é de 30%. Para Adriane, isso tem a ver com questões socioeconômicas e culturais, como renda e escolaridade, que tendem a ser mais baixas no Brasil. “É um fator que agrava sintomas relacionados à saúde mental. A gente sabe que, se os níveis de escolaridade e de renda são bons, funcionam como proteção. Mas, se são ruins, fazem o efeito contrário”, disse a professora.

OUTROS TRANSTORNOS
A pesquisa mostrou também que 65% dos entrevistados têm sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal-estar gástrico, qualquer coisa orgânica resultante de um quadro de ansiedade; e 50% tiveram alteração do sono.

O estudo inédito foi publicado na prestigiada revista internacional Journal of Psychiatric Research (Covid-19 and Mental Health in Brazil: Psychiatric Symptoms in the General Population”).

Fonte: Hospital Psiquiátrico de Maringá