O Conselho Regional de Medicina do Paraná inaugurou, na tarde de 31 de maio, o memorial em homenagem às vítimas da pandemia e aos médicos e demais trabalhadores da saúde que se doaram com dedicação e coragem no enfrentamento da pandemia da Covid-19. O painel com a obra intitulada “Transplantes de Vidas”, de autoria do artista Rodrigo Tonan, agora tem presença de destaque na sede da autarquia em Curitiba e se junta a outros atrativos histórico-artísticos, como a exposição permanente Pioneiros da Medicina do Paraná, o mosaico e a representação arquitetônica da Constelação de Ophiuchus e a galeria de presidentes. Dr. Charles London, presidente da Femipa, participou da solenidade e parabenizou o CRM-PR pela iniciativa.

O painel com a obra impressa em tecido canvas, no formato 1,5m por 5,7m, foi instalado em parte elevada de parede no piso S1 do prédio do CRM, em área que dá acesso ao Espaço Cultural e ao Auditório Raquele Rotta Burkiewicz. A explicação da homenagem e da inspiração da tela do artista está presente em um totem em acrílico. Também um livro-visita personalizado foi criado para que interessados marquem a sua passagem pelo local.

A solenidade de inauguração do painel, realizada também de forma remota com transmissão pelo canal do YouTube (confira vídeo AQUI), marcou ainda o lançamento do “CRM em Números”, referencial de indicadores estatísticos das atividades fiscalizadoras, judicantes, cartoriais e de educação médica continuada e que está acessível aos médicos e à sociedade de modo geral no portal do Conselho na internet. As ações estão integradas à passagem dos 65 anos de fundação do CRM do Paraná.

A consolidação do memorial foi decidida depois que a Organização Mundial da Saúde declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à Covid-19, no início de maio. Ela havia sido decretada em 30 de janeiro de 2020 e o anúncio, agora não significa que a Covid tenha deixado de ser uma ameaça à saúde, já que a propagação mundial da doença continua caracterizada como pandemia, fazendo muitas vítimas ainda nas diferentes partes do Planeta.

O conselheiro-presidente Roberto Issamu Yosida, ao participar da abertura da cerimônia, fez a leitura de breve artigo de sua autoria publicado ainda nas primeiras semanas da pandemia e cujo título, “Transplantes de Vidas”, acabaria se transformando no tema da homenagem. Na publicação, o autor já projetava os desafios e o engajamento e solidariedade dos profissionais na missão de salvar vidas. E refletia: “Depois da pandemia, é provável que cada um persista em suas ideias, de acordo com suas conveniências. Mas muitos se redescobrirão renovados e mais fortes. Lúcidos diante de tudo, capazes de reflexão e de mudanças”.

O médico Cesar Neves, diretor-geral da Sesa, representou o governador Ratinho Junior e o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, enquanto a secretária municipal Beatriz Battistella Nadas representou o prefeito Rafael Greca. Dentre as demais autoridades que prestigiaram presencialmente o evento estavam o conselheiro federal do CFM, Donizetti Giamberardino Filho, representando a presidência; o desembargador do TJ e também médico José Américo Penteado de Carvalho; o procurador Marco Antonio Teixeira, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias (CAOP) de Proteção à Saúde Pública; e o acadêmico Avelino Ricardo Hass, da Academia Paranaense de Medicina e que representou a presidência.

Em sua fala, o diretor-geral da Sesa destacou a integração do governo estadual com a classe médica durante a pandemia e a linha de atuação adotada sob os indicadores da Ciência. Cesar Neves realçou a proximidade com o CRM e as sociedades de especialidade que permitiram ações e soluções ágeis, sendo um dos exemplos a implementação de plataforma até então inédita para emissão de documentos médicos digitais. Como um dos maiores flagelos e desafios do século, o médico lembrou que foram mais de 7 milhões de mortos no mundo. Ao citar que quase 47 mil no Paraná, avaliou que as consequências teriam sido ainda mais expressivas se não houvesse a união e cooperação de todos sob a baliza da ciência.

O presidente do Conselho disse que a homenagem, apesar de singela, é significativa para reverenciar a memória dos que partiram e de contribuir com algum conforto às suas famílias. Citou que pelo menos centena e meia de médicos paranaenses “ficaram pelo caminho” ao longo desta caminhada, bem como expressivo número de outros profissionais com atuação na área da saúde.

Em sua mensagem final, Roberto Yosida assinaloiu que “o momento não permitiu ainda perceber a realidade do que construímos a muitas mãos. É um processo pensado, de um longo percurso, que iniciou com outras pessoas, há muito tempo. E que nos impulsiona para o futuro de muitas décadas. Intercorrências no caminho são parte de nosso contínuo aprendizado na vida. Sem elas, não teríamos momentos de exultação. Eis que momentos de luz, como o da cerimônia desta obra, certamente renovam a confiança mútua entre todos. E a certeza de que propósitos comuns e ideais inovadores estão acima de nossas diferenças humanas. Aos anônimos que ajudaram a construir tudo, minha gratidão. Feito memorável!”

Presente à cerimônia de inauguração, o artista paulistano Rodrigo Tonan ficou emocionado ao ver sua obra eternizada em espaço no Conselho de Medicina, referenciando a homenagem aos que se doaram durante a pandemia. Da anatomia humana, são duas mãos com seus músculos, uma em cores e outra em contraste. Os dedos quase se tocam, sugerindo a transmissão de fonte de vida. Tem inspiração na icônica obra “A Criação de Adão” (ou “O Dedo de Deus”), do renascentista Michelangelo.

Na apresentação do autor e sua obra na inauguração, foi destacado que ele se iniciou nos desenhos e pinturas ainda na infância em que depois, autodidata, ingressou em 1977 no mundo das Artes Médicas. Começou no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP e, depois de se graduar em artes plásticas pela Faculdade Paulista de Artes, em 2004, aprendeu a medicina participando de dissecação, exames e cirurgias ao vivo, prática que exerce até os dias de hoje. Ele é autor de milhares de ilustrações presentes em livros, revistas científicas e culturais e outras publicações físicas e digitais do meio médico. Com muitas premiações internacionais e nacionais, inclusive o Jabuti, Tonan está engajado hoje em projeto científico no Hospital Erasto Gaertner. Empreendedor, constituiu a Mentovery, uma equipe dedicada ao apoio à produção científica para profissionais de saúde.

Prestigiamento

A solenidade do memorial, que teve exibição do Hino Nacional e Minuto de Silêncio em respeito à memória das vítimas da pandemia, contou, ainda, dentre outras autoridades, com a presença do ex-secretário estadual da Saúde e mentor do projeto do Siate, Professor Luiz Carlos Sobania, também ex-presidente do CRM-PR e vice do CFM. Outros ex-presidentes do Conselho estiveram presentes ou acompanharam pela web: Carlos Roberto Goytacaz Rocha, Helcio Bertolozzi Soares, Luiz Ernesto Pujol e Wilmar Mendonça Guimarães, além de Donizetti Giamberardino. Dezenas de médicos e convidados participara pelo canal do YouTube. Acompanhando a atividade de forma remota, o presidente do Conselho Estadual de Saúde e da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, enviou mensagem à presidência do CRM: “Sinto-me honrado em poder fazer parte deste momento histórico, participando da obra Transplantes de Vidas”.

O primeiro médico a falecer vítima da doença no Paraná foi o radiologista Nelson Martins Schiavinatto. Tinha 80 anos de idade e 52 de atividade médica. Faleceu na noite de 3 de abril de 2020 na Santa Casa de Cianorte, cidade onde residia e atuava. Ao final de 2020, já tinham morrido mais de 40 médicos, muitos deles atuando na linha de frente do combate à pandemia.

Abaixo, a apresentação da obra:

 

Fonte: CRM-PR