O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quinta-feira (22), a atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, como ministra da Saúde. Ela já integra a equipe de transição de governo. Esta é a primeira vez que uma mulher vai assumir o cargo de ministra da Saúde. Nísia vai substituir no cargo o atual ministro Marcelo Queiroga.

A futura ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou, também nesta quinta-feira (22), que estará entre as prioridades do novo governo federal o fortalecimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Após ser anunciada para o cargo, Nísia disse que sua gestão vai estabelecer metas de vacinação em todas as faixas etárias a fim de recuperar a cobertura vacinal do país. O novo governo tomará posse em 1º de janeiro.

“Vamos estabelecer uma meta de vacinação para todas as faixas etárias com a grande visão de recuperar a cobertura vacinal no Brasil. Vamos fortalecer o Programa Nacional de Imunizações com essa perspectiva de ser um esforço que vai além da saúde”, afirmou.

Atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia informou que o PNI será transformado em um departamento dentro da estrutura do ministério. O programa atualmente é uma coordenação dentro do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde

“Fortalecer o programa nacional de imunizações, que se tonará um departamento. E pensar a imunização como um esforço nacional, que vai passar pela saúde, pelas escolas, pela área de desenvolvimento social”, disse a futura ministra.

Segundo Nísia, facilitar o acesso das famílias aos locais de vacinação é uma das ações a serem implementadas. A ministra pretende definir essas ações logo nas primeiras semanas no cargo.

Cirurgias eletivas

Nísia também declarou que está entre as prioridades fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e organizar a fila de cirurgias eletivas, impactada pela pandemia.

A ideia da futura ministra é definir critérios para a realização das cirurgias e contar com o apoio de hospitais filantrópicos e privados. Nísia citou que serão feitos mutirões pelo país para tentar reduzir as filas.

“Também pensamos em mutirões, principalmente em áreas de vazios assistenciais. Esse é um foco prioritário como o próprio presidente Lula vem falando”, disse.

Perfil

  • Doutora em Sociologia, mestre em Ciência Política e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
  • Presidente da Fiocruz desde 2017;
  • Foi diretora da Casa de Oswaldo Cruz, unidade da Fiocruz voltada para pesquisa e memória em ciências sociais, história e saúde, entre 1998 e 2005;
  • Participou da elaboração do Museu da Vida, museu de ciência da Fiocruz;
  • Atuou na implementação da Rede SciELO Livros;
  • Foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz;
  • É autora de dezenas de artigos, livros e capítulos com reflexões sobre os dilemas da sociedade nacional, sobretudo as cisões entre os “Brasis urbano e rural, moderno e atrasado”.

Gestão da Fiocruz

Servidora da Fundação desde 1987, Nísia foi a primeira mulher eleita presidente na história da Fiocruz.

Durante sua gestão como presidente da Fiocruz, Nísia liderou as ações da fundação no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil.

A instituição, dentre outras iniciativas, criou um novo Centro Hospitalar no campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e aumentou a capacidade nacional de produção de kits de diagnóstico e processamento de resultados de testagens.

Coordenou o acordo de encomenda tecnológica na articulação com o Ministério da Saúde do Brasil, a Universidade de Oxford, a biofarmacêutica AstraZeneca e as unidades de produção locais. Com a conclusão da transferência de tecnologia, a Fiocruz tornou-se a primeira instituição do Brasil a produzir e distribuir uma vacina contra a Covid ao Ministério da Saúde com produção 100% nacional.

Responsável pela criação do Observatório Covid-19, rede que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos e que monitora e divulga informações para subsidiar políticas públicas sobre a circulação do novo coronavírus e seus impactos sociais em diferentes regiões no Brasil.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Fonte: G1 - Política