Que as entidades de Saúde filantrópicas enfrentam situações difíceis há anos, isso não é novidade. Mas, segundo o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Edson Rogatti, as crises também apresentam ótimas oportunidades para trabalhar a gestão de um hospital. Na opinião de Rogatti, os dirigentes podem aproveitar o momento para se reunir com os colaboradores e mostrar, por exemplo, a importância de evitar o desperdício dentro da instituição. “É preciso ter gestão, controle de custos e fazer os colaboradores entenderem que eles fazem parte do time. Todos têm que ter em mente que somente o trabalho em equipe ajudará o hospital a sobreviver. Se a instituição não tiver o controle na mão, qualquer situação fica muito mais grave. Já trabalhamos com poucos recursos e, por isso, precisamos mostrar a todos os envolvidos no dia a dia da entidade a importância da gestão transparente. Isso vale tanto para os hospitais e santas casas, como para as Federações. Se não tiver controle financeiro nas despesas e receitas, cada vez mais a dívida aumenta”, afirma.

Para 2017, a expectativa do presidente da CMB é de que a economia volte a crescer, a inflação continue mais baixa e o desemprego diminua. Assim será possível, segundo Rogatti, que as instituições de Saúde filantrópicas busquem reajuste no pagamento dos procedimentos médicos dos hospitais. “Estamos negociando com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, e mostramos a ele que precisamos de aumento no pagamento
dos procedimentos. Ele está estudando uma forma para fazer isso, seja por um novo incentivo ou por aumento de tabela. Se nada acontecer neste ano, acho que vai ser o fim das santas casas e hospitais filantrópicos, mas tenho esperança que esse ano seja melhor, porque não dá mais para continuar do jeito que está. A inflação médica é sempre maior que a inflação normal. Os planos de saúde têm reajuste anualmente, mas nós vamos chegar a 10 anos sem aumento”, avalia.

A Confederação vem negociando na esfera federal para tentar mudar este cenário. Um dos projetos que pode ajudar a melhorar a situação é o Projeto de Lei 744, de 2015, proposto pelo senador José Serra, que cria o Programa de Financiamento Preferencial às Instituições Filantrópicas e Sem Fins Lucrativos (PRO-SANTACASAS) para atender instituições filantrópicas e sem fins lucrativos que participam de forma complementar ao Sistema Único de Saúde. “Nossa expectativa é de que o a proposta seja aprovada pelo Congresso Nacional, porque as dívidas das santas casas vêm crescendo há anos, e essas dívidas não são dos hospitais, porque eles não receberam os repasses e os aumentos dos recursos e tiveram que buscar dinheiro nas instituições financeiras para manter as atividades, assumindo juros altos. O grande vilão da historia é o déficit que os hospitais têm com bancos privados. Queremos pegar dinheiro no BNDES com juros baixos. Existem diversos programas para outros setores, como a agricultura, por exemplo. Precisamos de programas iguais”, alerta Edson Rogatti.

Importância do associativismo
“Quanto mais unida for a classe, mais condições teremos de trabalhar por melhorias”. Essa é a afirmação feita por Rogatti para reforçar a importância do associativismo entre as instituições de Saúde filantrópicas. Segundo ele, em momentos de dificuldade como esses que os hospitais têm enfrentado ao longo dos anos, somente a união de esforços pode fazer com que as reivindicações sejam ouvidas. “Tenho trabalhado muito com nossos afiliados para mostrar a importância de o hospital ser afiliado à Federação, que é afiliada à Confederação. Cada entidade estadual tem uma equipe preparada para ajudar as instituições e nós, em Brasília, também podemos ajudar. Os hospitais precisam entender que tanto as Federações estaduais quanto a CMB estão à disposição, mas eles precisam levar as demandas até nós para que tenhamos conhecimento e possamos buscar as respostas. Às vezes, um problema que acontece em um determinado hospital pode estar acontecendo em outro, e a solução pode ser repassada a todos”, completa Rogatti.

Fonte: Assessoria de imprensa da Femipa