O sistema de saúde israelense (SSI) não é perfeito, mas ele está muito próximo do que imaginamos ser um sistema de saúde justo e eficiente. Entenda como ele funciona.

SSI é um sistema público, financiado por impostos e pelo orçamento nacional, e está composto basicamente por quatro “convênios de sáude” (em hebraico, Kupot Cholim) e dezenas de hospitais.

Os convênios de saúde são licenciados e financiados pelo governo para atender a um plano básico para todos os cidadãos ou residentes permanentes. Eles atuam de forma similar a uma parceria público-privada.

Todo cidadão israelense é obrigado por lei a ter um plano de saúde básico, oferecido por um dos convênios. A lei do ‘Seguro de Saúde Nacional’, que entrou em vigor em 1995, também estipula que o convênio, em seu plano básico, deve atender gratuitamente uma cesta de serviços e medicamentos, anualmente definida pelo Ministério da Saúde.

Todo ano há uma discussão sobre o que será incluído nesta cesta. Em 2016, foram adicionados remédios recém-lançados contra o câncer, aparelhos auditivos para adultos, remédios abortivos para mulheres que sofreram violência sexual, alimentação especial para pacientes com ALS e rémedios contra déficit de atenção em crianças.

Convênios de saúde

Historicamente, os convênios de saúde foram criados com base nas organizações de trabalhadores. Três dos quatro convênios já estavam ativos antes mesmo da criação do Estado de Israel.

Historicamente, os convênios de saúde foram criados com base nas organizações de trabalhadores. Três dos quatro convênios já estavam ativos antes mesmo da criação do Estado de Israel.

Nome Nome em hebraico Ano de fundação % da população Logotipo
Clalit כללית 1913 52% clalit
Macabi מכבי 1941 25% ביטוח-מכבי-שירותי-בריאות
Meuchedet מאוחדת 1974 14% meuchedet
Leumit לאומית 1933 9% leumit

Todo cidadão tem direito de trocar de convênio duas vezes por ano, e por lei, nenhum convênio pode recusar recebê-lo.

Os convênios têm a possibilidade de propor pacotes “premium” que incluem itens não incluídos no plano básico. Em geral, estes pacotes oferecem descontos em remédios excluídos da cesta básica, serviços de medicina alternativa, nutricionista, fisioterapia e tratamentos dentários por preços mais baixos. Em relação a estes pacotes, os planos atuam de forma exclusivamente privada, competindo entre si em questões de preço, qualidade e serviços.

As tarifas dos planos “premium” também são muito acessíveis, e variam de acordo com a idade. Veja a tabela abaixo com os preços mensais (em shekels, ₪1 é aproximadamente R$ 1) de acordo com o grupo de idade:

Idade* / Plano Clalit ‘Platinum’ Macabi ‘Sheli’ Mehuchedet ‘Si’ Leumit ‘Zahav’
25-30 anos 75.06 95.58 82.50 55.87
31-40 96.01 116.27 107.50 69.90
41-50 105.52 119.99 125.50 87.80
51-60 116.24 119.99 146.00 109.83

* A divisão de preços por grupo de idades não é igual para todos os planos. Em alguns casos, foi feita uma média ponderada para chegar a estes resultados. Para uma tabela detalhada (em hebraico), clique aqui.

Além disso, hoje em dia já existem planos ainda mais avançados de empresas exclusivamente privadas que cobrem serviços mais específicos (e caros!), como o acesso a cirurgias no exterior, transplante de orgãos e remédios para doenças raras.

Financiamento

O Instituto de Seguro Nacional (equivalente ao INSS brasileiro) coleta o imposto da saúde, tributado de forma progressiva, ou seja, contribuintes de maior renda pagam proporcionalmente mais do que os de menor renda.

Ele redivide as contribuições entre os quatro convênios de saúde de acordo com uma fórmula que leva em consideração: (a) número de associados, (b) distribuição de idade dos associados, (c) região geográfica, (d) outros fatores. Além disso, os convênios também recebem um complemento proveniente do orçamento do governo.

19/02/2016 | Sociedade

Um sistema de saúde de qualidade e barato. Acessível a todos os cidadãos do país. Utopia?

O sistema de saúde israelense (SSI) não é perfeito, mas ele está muito próximo do que imaginamos ser um sistema de saúde justo e eficiente. Entenda como ele funciona.

SSI é um sistema público, financiado por impostos e pelo orçamento nacional, e está composto basicamente por quatro “convênios de sáude” (em hebraico, Kupot Cholim) e dezenas de hospitais.

Os convênios de saúde são licenciados e financiados pelo governo para atender a um plano básico para todos os cidadãos ou residentes permanentes. Eles atuam de forma similar a uma parceria público-privada.

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Todo cidadão israelense é obrigado por lei a ter um plano de saúde básico, oferecido por um dos convênios. A lei do ‘Seguro de Saúde Nacional’, que entrou em vigor em 1995, também estipula que o convênio, em seu plano básico, deve atender gratuitamente uma cesta de serviços e medicamentos, anualmente definida pelo Ministério da Saúde.

Todo ano há uma discussão sobre o que será incluído nesta cesta. Em 2016, foram adicionados remédios recém-lançados contra o câncer, aparelhos auditivos para adultos, remédios abortivos para mulheres que sofreram violência sexual, alimentação especial para pacientes com ALS e rémedios contra déficit de atenção em crianças.

Convênios de saúde

Historicamente, os convênios de saúde foram criados com base nas organizações de trabalhadores. Três dos quatro convênios já estavam ativos antes mesmo da criação do Estado de Israel.

Nome Nome em hebraico Ano de fundação % da população Logotipo
Clalit כללית 1913 52% clalit
Macabi מכבי 1941 25% ביטוח-מכבי-שירותי-בריאות
Meuchedet מאוחדת 1974 14% meuchedet
Leumit לאומית 1933 9% leumit

Todo cidadão tem direito de trocar de convênio duas vezes por ano, e por lei, nenhum convênio pode recusar recebê-lo.

Os convênios têm a possibilidade de propor pacotes “premium” que incluem itens não incluídos no plano básico. Em geral, estes pacotes oferecem descontos em remédios excluídos da cesta básica, serviços de medicina alternativa, nutricionista, fisioterapia e tratamentos dentários por preços mais baixos. Em relação a estes pacotes, os planos atuam de forma exclusivamente privada, competindo entre si em questões de preço, qualidade e serviços.

As tarifas dos planos “premium” também são muito acessíveis, e variam de acordo com a idade. Veja a tabela abaixo com os preços mensais (em shekels, ₪1 é aproximadamente R$ 1) de acordo com o grupo de idade:

Idade* / Plano Clalit ‘Platinum’ Macabi ‘Sheli’ Mehuchedet ‘Si’ Leumit ‘Zahav’
25-30 anos 75.06 95.58 82.50 55.87
31-40 96.01 116.27 107.50 69.90
41-50 105.52 119.99 125.50 87.80
51-60 116.24 119.99 146.00 109.83

* A divisão de preços por grupo de idades não é igual para todos os planos. Em alguns casos, foi feita uma média ponderada para chegar a estes resultados. Para uma tabela detalhada (em hebraico), clique aqui.

Além disso, hoje em dia já existem planos ainda mais avançados de empresas exclusivamente privadas que cobrem serviços mais específicos (e caros!), como o acesso a cirurgias no exterior, transplante de orgãos e remédios para doenças raras.

Financiamento

O Instituto de Seguro Nacional (equivalente ao INSS brasileiro) coleta o imposto da saúde, tributado de forma progressiva, ou seja, contribuintes de maior renda pagam proporcionalmente mais do que os de menor renda.

Ele redivide as contribuições entre os quatro convênios de saúde de acordo com uma fórmula que leva em consideração: (a) número de associados, (b) distribuição de idade dos associados, (c) região geográfica, (d) outros fatores. Além disso, os convênios também recebem um complemento proveniente do orçamento do governo.

E funciona?

O SSI ficou em sétimo lugar numa lista elaborada pela Bloomberg, em 2014, que avaliou a eficiência dos sistemas de saúde de 51 países.

Serviços básicos, como visitar um clínico geral, ou algum médico especialista (ortopedista, ginecologista, dermatologista,etc..), apesar de pequenas variações de acordo com o convênio e a região, não são tarefas complicadas. Assim como realizar exames básicos, como exames de sangue, fezes, urina e raio-x.

Exames um pouco mais avançados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, assim como tratamentos de alto custo, podem demorar mais tempo para serem aprovados, e devem passar por um processo burocrático um pouco mais tedioso. Mas, cedo ou tarde, e se realmente necessário, será possível fazê-los – com a certeza de que serão realizados em aparelhos modernos e em excelentes condições.

Obviamente, se o caso é urgente, é possível agilizar quaisquer procedimentos e fazê-los todos em questão de apenas uma semana, talvez tendo que se deslocar para outras regiões do país.

Os hospitais públicos tem nível de hospitais privados do Brasil. O nível dos médicos também não fica nem um pouco atrás. O país está na vanguarda da pesquisa científica em diversas áreas da medicina, com destaque para as pesquisas oncológicas.

Em caso de doenças graves, como câncer por exemplo, praticamente todos os tratamentos são completamente cobertos pelo plano básico – incluindo tratamentos quimioterápicos, radioterápicos, internações, cirurgias, entre outros.

Nem tudo está tão bem

Apesar dos bons indicadores, todos os convênios tem apresentado saldos negativos de bilhões de shekels nos últimos anos [ref] http://www.themarker.com/markets/ifrs/1.2303200 [/ref].

O sistema tem enfrentando dificuldades financeiras, e precisa ser sustentado, de forma constante, por novas transferências do governo. O mesmo ocorre com grandes hospitais (ex: Hadassa e Shaarei Tzedek), que têm sofrido com dívidas causadas, entre outros motivos, por má administração.

Há quem diga também que a qualidade do serviço está diminuindo gradativamente, muito por conta do aumento do número de hospitais e planos de saúde privados, onde literalmente os mesmos médicos presentes no sistema público, oferecem o mesmo atendimento, com excessão de um detalhe: filas, burocracias e tempo de espera menores, mas preços mais altos.

Os convênios de saúde foram criados com base no princípio da igualdade e da ajuda mútua entre seus associados, muito inspirados nos ideais socialistas do início do século XX.

Por outra perspectiva, mas com significado similar, a famosa frase “Todo o povo de Israel é responsável um pelo outro”, expressa na tradição judaico-religiosa presente no Talmud, reafirma a importância da ajuda mútua entre as pessoas.

Isso faz com que o SSI seja uma daquelas poucas “esquinas” em que socialistas laicos e religiosos ultra-ortodoxos podem concordar entre si. O SSI é um patrimônio da sociedade israelense e, por isso, todos os esforços possíves devem ser feitos para a manutenção do sistema.

 

Fonte: Amir Szuster - Conexão Israel