A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em parceria com a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, promoveu, no dia 25 de julho, o seminário “Conquistas, Desafios e Ameaças ao Sistema Único de Saúde”. Participaram do encontro membros do Ministério da Saúde, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), da Associação Nacional do Ministério Público em Defesa da Saúde, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Essa parceria entre a OPAS e Harvard busca também identificar cenários e políticas para o sistema de saúde brasileiro até 2030. Segundo o coordenador da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS/OMS, Renato Tasca, esse marco temporal foi escolhido por coincidir com o ano limite para os países avançarem no cumprimento das metas globais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Nossa intenção é reunir evidências para subsidiar as decisões dos gestores na superação dos desafios postos ao sistema brasileiro. Vamos promover discussões pontuais, como a sustentabilidade do SUS em diversas perspectivas, reunindo os atores da saúde juntamente com pesquisadores do tema”. Tasca também ressaltou a importância de aproveitar o momento dos 30 anos do SUS para intensificar as discussões sobre o sistema e propor melhorias. “O nosso esforço deve ser também para sensibilizar a população brasileira em relação à importância de defender o SUS, esse é um direito muito grandioso que não deve ser ameaçado”.

O médico sanitarista Adriano Massuda, fez uma apresentação sobre “Desenvolvimento e crise no sistema de saúde brasileiro”. De acordo com ele o financiamento inadequado afeta diretamente o secretário municipal de saúde.”Eu já estive nesse cargo e imagino que na época não era tão complicado como agora. Quando analisamos os gastos públicos enxergamos os municípios sendo onerados, a média hoje em dia é 25 por cento do orçamento municipal investido em saúde”.

O presidente do Conasems, Mauro Junqueira, também comentou sobre o problema das secretarias municipais de saúde em relação aos recursos. “A União transferiu responsabilidades mas o recurso não acompanhou, foram investidos pelos municípios no último ano 24 bilhões além do mínimo constitucional, nesse cenário não é possível investir mais”.  Mauro citou a rotatividade da gestão em todas as instâncias de governo e comentou sobre problemas que sobrecarregam o SUS. “Causas externas à saúde, como acidentes de moto, por exemplo, estão em primeiro lugar no ranking de cirurgias e o sistema não está preparado para isso”.

A professora associada ao departamento de “Global Health and Population” de Harvard, Márcia Castro, apresentou uma pesquisa com dados e gráficos sobre a estratégia de saúde da família. “Basicamente montamos uma série temporal a nível municipal de 2008 a 2012 para analisar a cobertura e o investimento na atenção básica. É importante ressaltar que a cobertura se expandiu com o passar do tempo. Apesar disso, os municípios maiores do Sudeste tiveram uma adoção tardia e possuem cobertura menor que os municípios do Nordeste como um todo, que muitos chegam a 100 por cento de cobertura à população”. Márcia também comentou sobre a agenda 2030 para os ODS “Os países estão olhando para o Brasil como um observatório sobre políticas de saúde que deram certo e também as que não deram certo. Com o estudo, queremos identificar evidências científicas sobre o que o SUS representou e simular cenários levando em conta o contexto político e econômico no Brasil para garantir uma saúde pública de qualidade. Queremos mostrar o que foi o SUS e o que pode ocorrer com o Sistema dependendo dos caminhos que o país adotar”.

Confira aqui a apresentação feita pela professora Marcia Castro 

Fonte: Conasems