Como tomar as melhores decisões com os recursos disponíveis, considerando-se os efeitos a curto e longo prazo? Com essa pergunta o diretor do Centro Paulista de Economia em Saúde, Marcos Bosi Ferraz, iniciou sua explanação sobre os desafios da assistência hospitalar na gestão e financiamento.  É de conhecimento geral a escassez de recursos para o sistema de saúde. Aproximadamente 8% do PIB brasileiro foi destinado à saúde em 2012. Essa é a média de recursos que países desenvolvidos como a Austrália ou o Canadá destinava na década de 1980. Em números absolutos isso quer dizer que R$ 337 milhões foram disponibilizados para o setor. Esse valor equivale a cerca de R$ 1.755 por habitante por ano, ou menos de R$ 5 por dia.

Para se somar a esse cenário financeiro existem desafios como a transição demográfica, mudança epidemiológica e alteração nutricional. Esses fatores expõem a complexidade e o dinamismo que envolvem a gestão da saúde. “Contornar os desafios na gestão hospitalar exige em primeiro lugar que o gestor reconheça os problemas, priorize o que é mais importante e defina onde quer chegar para então buscar soluções”, elenca Ferraz.

Um dos maiores problemas do modelo assistencial adotado no Brasil, na opinião de Ferraz é que ele é orientado pela oferta, quando deveria ser pela demanda.“Visando a real necessidade do sistema de saúde e dos pacientes é possível priorizar. A saúde populacional é mais importante que a individual”, pondera.

O posicionamento da Secretaria de Atenção à Saúde nesse sentido é de orientar as Secretarias Estaduais a não criarem novas estruturas hospitalares onde há hospitais filantrópicos que podem atender as necessidades do SUS. “O que é preciso entender é como aquela instituição pode ser útil e bem aproveitada pelo sistema de saúde, sem sobrepor a oferta de serviços”, avalia o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior.