A pandemia de Covid-19 impactou diretamente o diagnóstico precoce do câncer de mama. Por isso, neste Outubro Rosa, o alerta foi renovado e intensificado para a necessidade da prevenção. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram como a pandemia influenciou a detecção precoce do câncer de mama em 2020. O número de mamografias realizadas pelo SUS caiu entre janeiro e julho deste ano, em comparação com os anos anteriores. O número de mamografias realizadas até julho de 2020 foi de 1,1 milhão, contra 2,1 milhões nos mesmos períodos de 2018 e 2019.

Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, apesar dos problemas trazidos pela pandemia, em 75,54% dos atendimentos realizados neste ano, o tempo de até 60 dias entre o diagnóstico e o tratamento em todos os estágios do câncer de mama no SUS foi respeitado, conforme preconiza a legislação.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, no Brasil, estima-se mais de 66 mil casos novos para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.

A importância da detecção precoce

Como em quase todas as doenças oncológicas, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura. E, para isso, é necessário realizar a mamografia. A idade indicada para início do rastreio varia, mas fica entre 40 e 50 anos para pacientes com risco habitual. “Para aquelas com fatores de risco mais importantes, como mutação do gene BRCA ou idade mais precoce, há indicação de exames mais acurados, como ressonância magnética”, aponta o oncologista Lucas Sant’Anna, médico da equipe do Onco Center Dona Helena, de Joinville (SC).

De acordo com ele, este tipo de câncer acomete de 8 a 10% das mulheres em algum momento da vida. “As mulheres mais suscetíveis são aquelas com presença de certos defeitos genéticos (mutações em genes como os BRCA1 e BRCA2) e aquelas com muitos casos de câncer de mama na família”, alerta o profissional. Outros fatores que promovem risco menor, segundo o médico, são obesidade, primeira menstruação em idade muito jovem, menopausa em idade muito avançada, ingestão excessiva de álcool e nunca ter engravidado. A média de idade em que o câncer é diagnosticado fica por volta dos 62 anos.

“O sintoma mais frequentemente observado é a presença de um nódulo na mama ou na axila. Menos frequentes, mas também presentes, são alterações na anatomia da mama como presença de assimetria, retrações, vermelhidão ou inchaço”, destaca o médico.

Mas é necessário que a mulher se programe e faça acompanhento médico para investir no diagnóstico precoce e na prevenção do câncer de mama antes do surgimento de qualquer sintoma. Além disso, segundo o médico, a adoção de hábitos de vida mais saudáveis pode diminuir a possibilidade de desenvolver câncer de mama. Entre eles, cita a diminuição da ingestão de álcool, a realização de atividade física regular e o emagrecimento para as pacientes acima do peso.

Caso haja confirmação para câncer, o tratamento tem início. A terapia em câncer de mama depende de alguns fatores como estadiamento, subtipo do tumor e condições clínicas da paciente. “Quase todas as pacientes deverão ser submetidas à mastectomia [procedimento cirúrgico para a remoção de uma ou ambas as mamas], e algumas necessitarão de outras terapias adjuvantes, como radioterapia, quimioterapia ou terapia hormonal”, explica. 

Como se prevenir

Não há uma causa única. Diversos agentes estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres: envelhecimento (a partir dos 40), histórico familiar, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (idade da 1ª menstruação, ter tido ou não filhos, ter ou não amamentado, menopausa), consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente. A IARC – Agência Internacional para Pesquisa em Câncer – comprovou que hábitos de vida saudáveis podem evitar 30% dos tumores da mama.

A principal missão do Outubro Rosa é reforçar a importância da detecção precoce e divulgar informações para que as mulheres façam exames regulares e monitorem a sua saúde. O câncer de mama também pode acometer os homens, mas eles representam somente 1% dos casos.

O autoexame deve ser feito frequentemente para verificar a presença de algum nódulo nos seios ou nas axilas, acompanhado ou não de dor. O Ministério da Saúde orienta que a mamografia seja realizada em mulheres com idade entre 50 e 69 anos (exceto em situações de risco, quando os exames devem começar mais cedo), com intervalo variável, dependendo de cada caso. Nas mulheres que realizam o exame rotineiramente, o índice de mortalidade da doença diminui em cerca de 20%, conforme os dados do INCA.

 A radioterapia no combate ao câncer de mama

A radioterapia é um dos mais importantes tratamentos oncológicos e pode ser indicada para combater o câncer de mama em diferentes casos. “Após a cirurgia conservadora da mama, para diminuir as chances de recidiva na mama ou nos linfonodos próximos; após uma mastectomia, principalmente se o tumor tinha mais de 5 cm de diâmetro ou envolvimento axilar; e ainda se o tumor estava se espalhando para outros órgãos. Cada paciente é visto de forma individual e tem uma conduta médica totalmente adaptada para o seu caso”, explica Maíra Neves, médica radio-oncologista do Instituto Radion – especializado em radioterapia avançada.

O método que utiliza radiação ionizante para destruir o tumor cancerígeno é parte importante do tratamento multidisciplinar no câncer de mama, podendo ser aplicado em tumores inicias, assim como adjuvante à cirurgia, ou combinado com a quimioterapia e terapia hormonal, no caso de tumores mais avançados.

A especialista do Instituto Radion ressalta a importância de uma iniciativa como o Outubro Rosa. “Ampliar o entendimento de que a prevenção é a melhor estratégia é o que nos motiva nesta campanha. Nos envolvemos não só na campanha cor de rosa, mas em todas as outras campanhas coloridas que têm o objetivo de alertar sobre possíveis sintomas e a possiblidade de cura, quando do diagnóstico precoce”, conta a médica.

Fonte: Saúde Debate, com informações da assessoria