Para discutir a situação atual da pandemia da covid-19 no município, a Prefeitura de Curitiba reuniu, de forma on-line, nesta quinta-feira (27/5), quase 50 representantes de vários setores econômicos, da Saúde (tanto da esfera pública, como privada, além de entidades de classe), do Ministério Público, da Câmara de Vereadores, da educação, de igrejas. O objetivo foi manter o diálogo aberto com a sociedade civil, buscando soluções unificadas na luta contra o coronavírus. Todos os representantes dos setores tiveram oportunidade de falar. Para o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Ventorim, é preciso no momento “um pacto social”.

“Nós, dos hospitais, não vamos dar conta. O sistema está entrando em colapso e precisamos dar um fôlego”, disse Ventorim.

Segundo ele, entretanto, é necessário que os municípios da região metropolitana tomem medidas restritivas no mesmo sentido que a capital. “Não se vê a região metropolitana tomando medidas”, disse.

“Nós temos um inimigo em comum: o vírus. E o diagnóstico do momento é crítico, traumático, dramático”, definiu o infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns Cunha. “Não só no serviço público, como no privado. Está cada vez mais difícil dar atendimento adequado. Não temos mais recursos humanos. Estamos pior do que estávamos em março”, disse.

Segundo a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, 65% dos atendimentos dos três prontos-socorros SUS de Curitiba (Evangélico, Cajuru e Hospital do Trabalhador) vêm de fora do município.

“Toda vez que aumenta a mobilidade, aumenta o trauma, a queda, o atropelamento e, por consequência, o atendimento no pronto-socorro, concorrendo com o atendimento de covid-19”, explicou a secretária.

Não tem milagre

Curitiba está abrindo mais 14 leitos de UTI covid-19 nesta quinta-feira. Agora são 539 leitos de UTI e 726 de enfermaria exclusivos para covid no SUS. Ainda assim a taxa de ocupação permanece alta (106% nas UTI e 99% nas enfermarias).

“Não tem milagre, atingimos o teto da expansão. O kit intubação está em falta em 22 estados, pois é um problema da indústria farmacêutica”, explica Márcia.

Segundo a secretária, a abertura de hospital de campanha – sugestão trazida por alguns setores – já se mostrou uma estratégia custosa e ineficaz em diversas partes do mundo.

“É só gasto, não agrega valor, não traz segurança e qualidade assistencial ao paciente. Onde abriram hospital de campanha, já fecharam. Curitiba, por outro lado, abriu 539 novos leitos de UTI para covid, com respiradores, bombas de infusão, rede de gases. Este é um legado que ficará. Hospital de campanha não fica”, disse.

De acordo com a secretária, se todos tivessem disciplina, os decretos mais restritivos não seriam necessários. A infectologista da SMS, Marion Burger, lembrou que as medidas mais restritivas acontecem de forma cirúrgica, por um curto espaço de tempo.

Segundo o secretário de Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, de 422 dias de pandemia até o momento, os decretos municipais restringiram apenas 21 dias as atividades de rua não essenciais, serviços, shoppings e centros comerciais. Decreto estadual para este setor restringiu outros 14 dias o funcionamento da área, totalizando 35 dias de restrições em 422 de pandemia.

Participação

Participaram da reunião representantes da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel); Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar); Associação Comercial do Paraná (ACP); Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce), Associação Paranaense de Supermercados (Apras); Sindicato da Panificação.

Também estiveram na reunião representante do Núcleo de Pastores, a Mitra, Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), Associação dos Centros de Atividades Físicas do Brasil (Acaf), escolas de natação, Sindicato dos Clubes do Paraná (Sindiclubs) e Associação Paranaense dos Centros Esportivos (Apace).

A reunião virtual também contou a presença do presidente da Câmara de Vereadores, Tico Kuzma; da presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esportes da Câmara de Vereadores, Noêmia Rocha; e do vice-presidente da Comissão, Marcelo Fachinello. O Ministério Público esteve representado pelo promotor Marcelo Maggio, da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba.

O setor público e privado de Saúde esteve representado por diretores de diversos hospitais (como HC, Cajuru, Evangélico, Cruz Vermelha, do Trabalhador), entidades de classe (como CRM e Coren), operadoras de planos de saúde (como Unimed Curitiba), Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), entre outros.

Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba