A Saúde enfrenta graves problemas, especialmente em relação ao financiamento. Em todos os níveis de governo, o investimento da Saúde tem sofrido com os cortes no orçamento e a dificuldade em manter os serviços à população. Estados e municípios, em sua maioria, têm dedicado percentuais maiores do que o previsto em lei para a Saúde, mas os recursos ainda são insuficientes. Segundo o presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, os gestores dispõem, atualmente, de R$ 2,90 por habitante/dia para cuidar da Saúde. Mesmo assim, ele ressalta que muito tem sido feito com o recurso escasso.

Com sua participação confirmada no painel “A União do Setor Saúde para Sobreviver à Crise”, que acontece no dia 16 de agosto, durante o 27º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Mauro Junqueira ressaltou que, com o congelamento do teto financeiro do governo, a partir da Emenda Constitucional 95, a Saúde não tem grandes expectativas de aumento de recurso para os próximos anos. Ele afirmou que os municípios não conseguem colocar mais recursos na Saúde, mas é preciso saber como o governo vai aplicar o reajuste do IPCA, previsto pela EC 95, na Saúde. “Será um reajuste pequeno, mas se o IPCA for aplicado em cada item da cobertura de saúde, por exemplo, é possível ter uma diferenciação no montante final”, cogitou, lembrando, ainda, que a EC 95 também não contempla o crescimento vegetativo da população e o aumento da idade média.

Em entrevista à CMB, Junqueira ainda citou que a Tabela SUS encontra-se defasada e cerca de 40% da Média e Alta Complexidade (MAC) é composta por incentivos concedidos pelo governo federal ou estadual. “Mesmo assim, com todo esse cenário, precisamos falar do SUS que funciona, que faz muito, mesmo tendo um recurso tão pequeno. Se observarmos o número de serviços, de hospitais, UTIs, que salvam vidas diariamente, nós fazemos muito com pouco”, afirmou.

Questionado sobre para onde a Saúde do Brasil vai, Junqueira disse que é preciso fazer uma reflexão sobre a situação. “Esses dias eu ouvi que estamos no fundo do poço, mas temos que aprender muito com o que está acontecendo no País. Precisamos fazer uma reflexão sobre isso. Precisamos buscar união e o fortalecimento comunitário. Temos muita dificuldade nos municípios de ter Conselhos efetivos, participativos e que não sejam partidários, mas que sejam partícipes do processo e querem ver mudanças positivas. Acho que esse é um primeiro passo”, ponderou.

Fonte: CMB