O deputado federal eleito e ex-ministro da Saúde durante o governo Dilma, Alexandre Padilha (PT), cobrou nesta semana a falta de políticas do governo de Jair Bolsonaro para a área. Brasil. “Estamos chegando a 15 dias de governo. Teve decreto para liberar arma, teve liberação para invadir terra indígena e, até agora, para a Saúde não teve nenhuma medida”, disse o ministro responsável pela criação dos Mais Médicos ao programa “No Jardim da Política“, da rádio Brasil de Fato.

Durante o programa, Padilha avaliou que o atual governo não tem preocupação em governar para a maioria da população, e cita como exemplo as declarações negativas referentes aos médicos cubanos. “Acho que a situação vai se agravar até março, até agora não vi do atual governo nenhuma proposta completa para resolver o problema. E quem mais vai sofrer? As pessoas da periferia. O impacto imediato é a interrupção do atendimento, por exemplo, para quem tem diabetes, que precisa refazer receita a cada dois meses”, disse.

Padilha ressaltou que, nas áreas indígenas, 75% do atendimento era realizado por médicos cubanos. Até agora, as vagas não foram preenchidas. O ex-ministro lamentou os efeitos do que denomina “triplex do golpe” para a saúde pública: aumento da mortalidade infantil, ressurgimento de doenças facilmente controladas por vacinas e aumento de internação e mortalidade por doenças crônicas.

O deputado eleito disse também que, para além dos Mais Médicos, a parceria do governo federal com Cuba trazia outros benefícios para o Brasil. “Em uma visita a Cuba, com Dilma, fizemos parceria para trazer medicamentos que Cuba produziu. Para diabetes, por exemplo: a maior causa de amputações de pés no Brasil é de origem da diabetes, e Cuba é responsável pelo remédio. A vacina do HPV também é parceria nossa, trouxemos para cá para produzir aqui”, afirmou.

Padilha também apontou que o desmonte do SUS, iniciado no governo Temer (MDB) com a emenda do Teto de Gastos Públicos, deverá ser aprofundado no governo Bolsonaro. O ex-ministro da Saúde reconhece que o SUS possui inúmeros problemas, mas ressaltou o histórico de avanços nos últimos 30 anos. “Sem SUS não existiria SAMU, transplantes, bancos de sangue, diminuição da mortalidade infantil. Antigamente, os bancos de sangue funcionavam no sistema privado, com venda de sangue”, disse.

Ele ainda criticou o decreto que flexibiliza a posse de armas. Para ele, “permitir que se criem batalhões privados na casa das pessoas é uma legalização das milícias que existem e das que vão existir”. O deputado alerta ainda que a medida vai impactar diretamente o sistema de saúde pública, com mais mortes e acidentes decorrentes de arma de fogo.

*Com informações do Brasil de Fato

Fonte: Sul21