O governador Beto Richa e o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, lançaram na noite desta quarta-feira (02), em Curitiba, a Rede Mãe Paranaense para reforçar o atendimento a gestantes e recém nascidos. Com a medida, o Governo do Estado organiza uma rede da atenção à saúde materno-infantil, abrangendo todas as regiões paranaenses, com amplo apoio aos municípios.

O governo estadual vai investir R$ 90 milhões neste ano na rede especializada. Do total de recursos, R$ 30 milhões serão aplicados na construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e R$ 12 milhões para compra de equipamentos. Outros R$ 30 milhões serão repassados aos municípios para custeio de equipes de saúde. Para o atendimento especializado (consórcios e hospitais) serão investidos mais de R$ 10 milhões e para a capacitação das equipes de saúde estão sendo investidos R$ 2 milhões este ano. A secretaria da Saúde está instituindo ainda um incentivo de qualidade do parto para os hospitais que atenderem os critérios da rede, que soma R$ 6 milhões.

Para dar sustentação à rede, diversas ações da atenção primária, secundária e terciária serão colocadas em prática. Os hospitais que integram o HOSPSUS e compõem a atenção terciária darão suporte à rede. A proposta da Mãe Paranaense é que a gestante saiba, desde o início do pré-natal, que será realizado na atenção básica, em qual unidade hospitalar ela terá o bebê. Os hospitais serão divididos em três categorias de acordo com o risco das gestantes: habitual, intermediário e alto risco.

A rede prevê a alocação de recursos para a ampliação de leitos de UTI adulto, neonatal e pediátrica, bancos de leite humano e a melhoria das condições das salas de parto nos hospitais vinculados. Além disso, será instituído o incentivo de qualidade do parto para os hospitais que atendem os critérios para uma adequada atenção ao parto.

Capacitação

O Governo do Paraná iniciou nesta quarta-feira (2) a capacitação dos profissionais de saúde e gestores municipais para atuação na Rede Mãe Paranaense. Mais de 1.800 profissionais participam nesta quarta e quinta-feira (2 e 3), em Curitiba, de cinco cursos oferecidos pela Secretaria da Saúde em parceria com a Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (SOGIPA), Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN-PR) e Sociedade Paranaense de Pediatria.

Estão sendo capacitados profissionais dos 399 municípios paranaenses: médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde que atuam nas Unidades Básicas de Saúde, secretários municipais e diretores das 22 regionais de saúde e pediatras que atuam nos hospitais credenciados ao SUS do Paraná.

“Uma rede não nasce pronta, ela deve ser construída por todos os que atuam diretamente no atendimento à população. Por isso reunimos os profissionais que atendem gestantes e crianças para apresentar o diagnóstico da saúde do Paraná e os protocolos da Rede Mãe Paranaense”, disse Márcia Huçulak, superintendente de Atenção à Saúde da secretaria. Ela explica que o principal objetivo da rede é reduzir os índices de mortalidade materno-infantil do Estado.

Índices: Levantamento feito pela secretaria da Saúde verificou que a Razão de Mortalidade Materna no Paraná em 2010 foi de 63,80/100.000 NV (Nascidos Vivos). “Ao investigarmos essas mortes, constatamos que 85% delas eram evitáveis e 71% foram atribuídos a falhas no pré-natal, pós-parto e assistência hospitalar, o que mostra onde devemos atuar”, diz Márcia. Quanto à mortalidade infantil, o índice do Estado é de 12,12 /1000 NV em 2010, sendo que há regiões em que esses números ultrapassam 20/1000 NV.

“A Rede Mãe Paranaense nasce da experiência de sucesso do Programa Mãe Curitibana, que reduziu os índices da capital a 8,67/1000 NV em 2011”, ressalta o secretário Michele Caputo Neto. “Estamos trabalhando para que todos os municípios façam a adesão à Rede e possamos rapidamente manter nossos índicas abaixo de 10 pontos”, finalizou.

O que é a Rede: A Rede Mãe Paranaense propõe a organização da atenção materno-infantil em todas as regiões do Estado e se constitui um conjunto de ações como a captação precoce da gestante, o seu acompanhamento no pré-natal, com no mínimo sete consultas, a realização de 17 exames, a classificação de risco das gestantes e das crianças, a garantia de ambulatório especializado para as gestantes e crianças de risco, a garantia do parto por meio de um sistema de vinculação ao hospital conforme o risco gestacional e o acompanhamento de todas as crianças menores de um ano.

Para a implantação da Rede estão sendo organizadas ações na Atenção Primária, por meio do APSUS, programa estadual de qualificação da Atenção Primária à Saúde em todos os municípios, com a capacitação das equipes para a realização do Pré-natal e acompanhamento das crianças, a classificação de risco da gestante e da criança menor de um ano, e a vinculação do parto de acordo com o grau de risco.

Na atenção secundária, por meio da organização dos ambulatórios para a realização do pré-natal de risco e para o atendimento das crianças de risco menores de um ano, por meio do COMSUS, programa estadual de apoio aos Consórcios Intermunicipais de Saúde. E na atenção terciária, a garantia da referência hospitalar para a realização do parto de modo seguro e solidário, o mais natural possível, de acordo com o grau de risco da gestante, por meio de um sistema de vinculação da gestante, via HOSPSUS, programa de qualificação dos hospitais públicos e filantrópicos do SUS do Paraná.

A médica ginecologista, Cristina Lopes Ribeiro, do município de Palmital, disse que pela primeira vez está tendo a oportunidade de trabalhar com os índices específicos do Paraná. “Considero esta capacitação importante porque padroniza o acesso da gestante ao pré-natal, seja em Curitiba ou em qualquer outra cidade do Estado”, enfatizou.

A unificação das carteiras da criança foi um dos pontos mais comemorados pelos participantes do curso. “Hoje, cada município tem uma carteirinha personalizada, o que dificulta o processo de atendimento da gestante que precisa se deslocar para outra cidade. Com a unificação, a linguagem será a mesma e vai facilitar o trabalho de acolhimento da mãe e da criança”, explicou a enfermeira do município de Nova Itacolomi, Thais Patrícia da Silva Torres. Ela ressaltou ainda que em cidades pequenas, como a sua, o trabalho de acompanhamento é potencializado e as equipes de saúde da família têm um contato bastante próximo das gestantes.

Para o médico pediatra de Cascavel, Marcos Cristovan, os protocolos estabelecidos pela Rede Mãe Paranaense vão contribuir para reduzir efetivamente os índices de mortalidade infantil. “Este trabalho em parceria com a Sociedade de Pediatria só fortalece o nosso empenho”, disse.

Segundo o chefe de projetos da Atenção Básica de Foz do Iguaçu, Fabio de Mello, os cursos que serão realizados nos próximos meses servirão também para troca de experiências entre Estado e municípios. “Já tínhamos um trabalho de estratificação que dividia as gestações em baixo ou alto risco. Agora com a inclusão de mais um nível de risco teremos que capacitar nossas equipes para ter esse olhar diferenciado e identificar as gestantes com risco intermediário”, disse.

A parceria da Secretaria da Saúde com as sociedades médicas e de enfermagem compreende outras quatro capacitações descentralizadas da Rede Mãe Paranaense que serão realizadas nos meses de junho, agosto, novembro/2012 e março/2013.

Fonte: Sesa com informações FEMIPA