“Eu não preciso de nenhum tratamento”. Esta foi uma frase comum ouvida por pesquisadores ao entrevistar 2.942 adultos residentes em áreas urbanas brasileiras. A ideia era investigar diagnósticos psiquiátricos, grau de gravidade, uso de serviços, motivos para não procurar tratamento e abandono do tratamento de pessoas com transtornos psiquiátricos. Divulgação feita pelo Hospital Psiquiátrico Maringá alerta para essa situação.

Conforme o artigo, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria (Brazilian Journal of Psychiatry), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a baixa percepção da necessidade de tratamento (56%) foi o motivo mais comum para a não procura de tratamento. Apenas 23% dos indivíduos com psicopatologia de qualquer nível de gravidade nos últimos 12 meses receberam tratamento.

BARREIRA PSICOLÓGICA

Os locais mais visitados pelos portadores de psicopatologias foram hospitais psiquiátricos, outros cuidados de saúde mental e cuidados médicos gerais. Entre aqueles com percepção da necessidade de tratamento (44%), as barreiras psicológicas foram o motivo mais comum para não o procurar.

O abandono do tratamento foi mais prevalente entre aqueles que visitaram um ambiente de cuidados médicos gerais. Entre os indivíduos ainda em tratamento, os serviços humanos e os cuidados psiquiátricos foram os tipos mais comuns.

O estudo, publicado pela Revista da ABP conclui que, “apesar da necessidade de tratamento e melhores serviços, as barreiras psicológicas foram o principal motivo para a não procura por tratamento. Além de fornecer mais especialistas, investir em conscientização, desestigmatização e informação é a estratégia definitiva para melhorar o atendimento psiquiátrico”.

O artigo é assinado pelos pesquisadores Bruno M. Coêlho, Geilson L. Santana, Maria C. Viana, Yuan-Pang Wang e Laura H. Andrade, do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo.

 

Fonte: Hospital Psiquiátrico de Maringá