A relação entre médico e paciente é bastante complexa. O paciente está, em geral, fragilizado, procurando um serviço que naturalmente não desejaria buscar. Nesse momento, qualquer tipo de situação que gere desconfiança pode levar o paciente a buscar uma reparação judicial.

“Visitação jurídica ao relacionamento entre paciente e o hospital – Os benefícios da prevenção” foi o tema da palestra do advogado especializado na área da saúde Josenir Teixeira, que defendeu a participação do departamento jurídico no cotidiano no hospital, como forma para ajudar a evitar demandas jurídicas.

Segundo o advogado, a principal forma de prevenir as demandas jurídicas constantes, é a atenção dada ao paciente, às suas necessidades e inquietações em vários aspectos: médico, enfermagem, psicológico, administrativo e jurídico. “É preciso lembrar que o paciente deve ser o centro das atenções. Ele está no hospital, mas não gostaria de estar lá. As instituições precisam estar conscientes de que ele é o norte, de que ser informado sobre sua saúde e os procedimentos a que está sendo submetido é um direito dele. Se houver uma boa relação entre o médico e o paciente em uma grande parte das vezes isso evitará que um processo nasça. Quando isto ocorre, quando o paciente está no centro, a vida no hospital fica mais fácil”, comentou.

Teixeira destacou que a relação de confiança entre paciente e médico vem sendo abalada pelas questões financeiras, que obrigam os profissionais a atender cada vez mais rápido e relações trabalhistas por produtividade. Ele citou ainda a pressão externa, como a dos meios de comunicação, que levam a sociedade a tratar os serviços médicos com desconfiança ou visão negativa. 

“Essa relação de confiança vem sendo abalada. É preciso ouvir, dar atenção ao paciente, pedir os exames adequados. Hoje temos médicos recebendo por produção e com a pressão de atender rapidamente, ou seja, com a falta de relacionamento há a insatisfação dos pacientes, que resultam em um grande volume de causas judiciais”, comentou o advogado.

Outro ponto importante é uma mudança social e cultural no relacionamento entre pacientes e médicos. Hoje, com o acesso maior à informação por parte das pessoas, o médico passou a ser questionado. O paciente indaga, traz suas próprias informações e questionar e contrapor prescrições e indicações.

 Outra forma de tornar claro este relacionamento e também formalizar ações importantes é adotar os protocolos e criar procedimentos para garantir o cumprimento legal. Como exemplo, o termo de consentimento informado que deve ser assinado pelo paciente. Mas, o advogado alerta, não é apenas a assinatura que deve ser considerada e sim a compreensão do conteúdo pelo paciente, que é o item que poderá ser preponderante em juízo.  

 Entre os dilemas que precisam ser enfrentados estão questões como o direito à saúde e autonomia do paciente. “O paciente está mudando o local de procura do médico. Ao invés de ir ao hospital, o paciente vai direto ao fórum, como forma de conseguir uma liminar para garantir que seja atendido”, comentou.

 Teixeira afirmou ainda que as instituições precisam discutir temas importantes como: de que modo tratar, atender, agradar, e encantar o paciente; como lidar com a insatisfação; realizar o gerenciamento de riscos; controlar a qualidade dos serviços médicos; estabelecer e seguir protocolos; implantar humanização do atendimento; oferecer serviços como atendimento pastoral, entre outros.

 Fonte: Assessoria de Comunicação Femipa
Jornalista: Karla Losse Mendes