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O primeiro painel do Seminário Femipa foi muito esperado pelos participantes, justamente por trazer um tema que tira o sono dos gestores das santas casas e hospitais filantrópicos: “Orçamento para a Saúde – Análise 2014 e Cenário 2015”. E quem participou do debate certamente saiu com uma preocupação na cabeça. O painel foi composto por Edson Rogatti, presidente da CMB, Luiz Nelson Porto Araújo, da Delta Economics & Finance, e Luiz Soares Koury, presidente da Femipa.

Logo no início, Luiz Nelson disse que seria o portador da má notícia. “Estamos adentrando num período muito complicado”, avaliou. “O país cresceu 1%, mas o preço do que ele comprava cresceu 6,5%. OU seja, ele perdeu 5,5% de poder de compra. Isso quer dizer que ele ficou 5,5%  mais pobre. Alguém bancou a conta, porque não existe ‘almoço grátis’. Onde está a conta? Em dívidas”, adiantou. Mas, para ser um pouco otimista, Araújo revelou que as reservas do país, aquelas que podem ser resgatadas em caso de necessidade, estão estabilizadas, depois de um crescimento nos últimos anos.

Segundo ele, o que se observa é que a agenda social do governo federal teve sucesso, mas que, agora, começará a trazer e apresentar um custo que terá reflexo profundo nos próximos dois anos. Nos últimos quatro anos, Luiz Nelson lembra que o governo federal manteve uma política econômica inconsistente, o que aumenta os desafios futuros, principalmente em 2015 e 2016. Como não são esperadas mudanças bruscas na agenda social, isso poderá causar efeitos danosos sobre o potencial de desenvolvimento do país

Por tudo isso, a avaliação do economista é que o cenário está muito complicado e o país encontra-se no limite inferior, o que torna o desafio ainda maior. Na saúde, mais do que nunca, ele diz que será preciso recursos e boa gestão, uma visão estratégica do que os hospitais podem fazer com o pouco que têm. Para Araújo, o sistema de saúde brasileiro tem melhorado nos últimos anos, porque teve aumento da expectativa de vida, redução de indicadores de mortalidade, maior acesso às ações e serviços de saúde e crescimento dos gastos públicos. Porém, o Brasil ainda se encontra distante dos padrões observados nos países membros da OCDE e dois dos maiores problemas do sistema de saúde no Brasil são desigualdade entre as regiões e nível de eficiência na alocação de recursos. “Toda vez que pensarmos em saúde, temos que pensar em equidade. Para isso, precisamos de recurso, de gestão, de eficiência, de profissionais, além de um sistema funcionando de uma maneira muito boa”, diz.

Na palestra, Araújo lembrou que há dois anos, também foi palestrante do Seminário Femipa e, na ocasião, o foco da apresentação foi em como ser mais eficiente em gestão. Agora, ele voltou a a enfatizar o que é preciso. “São duas ferramentas: planejar e ter indicadores para ver se o que foi planejado está sendo cumprido. O pior planjeamento é aquele que foi feito e não foi monitorado. Anos atrás a mensagem foi ‘planeje e monitore’. Agora deixo a mesma recomendação. Os números mostram que o paciente está em uma situação muito delicada. Os pacientes somos nós. Qualquer ajuste, o mais drástico ou o lento, gradual e seguro, será muito doloroso no orçamento, na transferência de recursos que vocês tanto carecem. A minha recomendação é que vocês sejam muito mais dirigentes e eficientes na administração e gestão do que vocês já estão sendo, porque o que vamos vivenciar nos próximos dois anos é um quadro muito complicado”, finalizou.

Fonte: Assessoria de Imprensa Femipa