_NUA4397Na palestra “Orçamento para a Saúde – Análise 2014 e Cenário 2015”, o presidente da CMB, dr. Edson Rogatti, disse que o tema foi muito bem escolhido. Durante seu discurso, Rogatti contextualizou o importante papel desempenhado pelas santas casas e hospitais filantrópicos, trazendo números de hospitais, leitos, médicos, empregos diretos, atendimentos ambulatoriais e internações.

“Temos ouvido falar sobre a importância das santas casas e hospitais filantrópicos, que são grandes parceiros do SUS. Mas quando chega a hora do financiamento, são os únicos que não recebem quase nada para fazer o atendimento. No Brasil, somos responsáveis por mais de 54% dos atendimentos do Sistema Único de Saúde. Em mais de mil municípios as santas casas são as únicas que oferecem leitos para o SUS. E nossa dívida já está está passando dos R$ 15 billhões. Temos uma dívida de R$ 5 bilhões por ano, podendo chegar a R$ 7 bilhões em 2014. Em média, para cada R$100 empregados no SUS, os hospitais são remunerados com R$65. Os maiores problemas estão na assistência de média complexidade, onde as diferenças entre o pago e o efetivamente gasto, em alguns casos, superam os 200%”, revela.

Segundo Rogatti, essa situação não acontece por falta de trabalho das federações. “Estamos negociando com Ministério da Saúde. Em conversa com o ministro Alexandre Padilha, tivemos uma gota d’agua no ocenao: foi prometido mais 50% para o SUS. E qual foi a nossa surpresa? Veio carnaval, Copa do Mundo, eleição, e saúde ninguém se preocupou. Há quanto tempo estamos sem um aumento da tabela SUS? Quanto custa um hospital público para o governo? Sete, oito vezes mais do que custa uma santa casa”, pondera.

De acordo com o presidente da CMB, a palestra de Luiz Nelso Araújo deixou claro que todos precisam se preparar, porque os próximos anos serão difíceis em todos os setores. “A saúde, como já vem passando por essa crise, talvez sinta menos. Nós só temos valor no período eleitoral. Passou isso, ninguém dá o atendimento que precisamos”, comenta.

Rogatti trouxe, ainda, dados que mostram que dos R$ 47,3 bilhões gastos com investimentos pelo governo federal em 2013, o Ministério da Saúde foi responsável por apenas 8,2% dessa quantia, segundo levantamento do CFM.

“Em 13 anos, R$ 47 bilhões deixaram de ser investidos. Entre 2001 e 2013, foram autorizados R$ 80,5 bilhões específicos para este fim. No entanto, apenas R$ 33 bilhões foram efetivamente gastos e outros R$ 47,5 bilhões deixaram de ser investidos. Em outras palavras, de cada R$ 10 reais previstos para a melhoria da infraestrutura em saúde, R$ 6 deixaram de ser aplicados”, declara.

Outro ponto abordado por Rogatti foi a comparação com os gastos em outros países. A Austrália, por exemplo, cuja população equivale a 11% da população brasileira, gasta em saúde a mesma quantia que o Brasil; a Alemanha, que tem uma população 2,5 vezes menor, gasta 3,2 vezes mais; e os EUA, que apresentam um PIB oito vezes maior do que o nosso e têm uma população 1,5 vez maior, gasta 16 vezes mais em saúde.

“O que nós precisamos? Nos unir. Temos que trabalhar com um orçamento que cubra pelo menos nossos custos. A situação é de preocupação. Eu sou otimista, tanto que nos últimos três dias estivemos com diversas lideranças do governo para tentar conseguir algo para o primeiro trimestre de 2015. Precisamos de duas medidas emergenciais: melhores condições de financiamento e dinheiro novo para a saúde. Mas nós só teremos uma luz no fim do túnel se permanecermos unidos.”, declarou.

Fonte: Assessoria de imprensa Femipa