As articulações em torno da reforma ministerial seguem a todo vapor. Com o prazo para que os ministros se desincompatibilizem até 7 de abril para disputar as eleições, o governo federal não está perdendo tempo e mantém a negociação como prioridade em pauta há pelo menos cinco dias em reuniões com líderes governistas e aliados. Até o momento, a saída de 11 auxiliares é dada como certa. A mudança começará pelo comandante da Saúde, Ricardo Barros (PP), que pode anunciar hoje a saída da pasta, após cerimônia de Ordem do Mérito Médico, que será realizada no Palácio do Planalto, à tarde.

Outro auxiliar que deve abandonar o barco nos próximos dias é o ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR). Em um primeiro momento, a tendência é de que as pastas sejam comandadas pelos interinos. Na Saúde, o comando será assumido pelo atual secretário executivo, Antônio Carlos Figueiredo Nardi. Nos Transportes, ainda não há uma definição. O secretário-executivo da pasta, Fernando Fortes Melro Filho, assumiu na última sexta-feira (23) a Secretaria de Infraestrutura do governo de Alagoas.

A intenção de Barros é disputar a reeleição para deputado federal. O ainda auxiliar de Temer planeja tornar-se o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. Já Quintella deve se aliar ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) para disputar as duas vagas ao Senado na chapa do governador alagoano Renan Filho (MDB), que tentará a reeleição. A interinidade nos Transportes e na Saúde, no entanto, não deve durar muito tempo. A partir da primeira semana de abril, o presidente Michel Temer deve anunciar os novos ministros.

Partidos como PP e PR planejam manter o comando sob as pastas da Saúde e dos Transportes. Os progressistas, por sinal, planejam emplacar o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, no ministério atualmente chefiado por Barros. A legenda pretende, também, assegurar o controle sobre a Caixa. Todas as negociações, no entanto, seguem muito bem estudadas e não há nada definido. “Os partidos estão apresentando sugestões, mas o martelo ainda não foi batido. Há uma intensa articulação, de onde um nome será, efetivamente, indicado. Uma negociação discutida ontem pode não ser fechada hoje, e não significará que estará mantida na sexta-feira”, disse um interlocutor de Temer.

A regra é emplacar um ajuste muito bem desenhado na Esplanada dos Ministérios. Afinal, Temer — a cúpula do Planalto e do MDB — sabe que precisa chegar a bons denominadores comuns com a base para fortalecer o apoio de olho na candidatura do chefe do Executivo federal. Ontem mesmo, o emedebista se reuniu para tratar do assunto com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

É grande a possibilidade de outros partidos manterem o comando atual sobre as pastas. É o caso do DEM. Na última semana, o presidente nacional do partido, o prefeito de Salvador, ACM Neto, o líder da sigla na Câmara, Rodrigo Garcia (SP), e o deputado Pauderney Avelino (AP), foram recebidos por Temer para discutir a manutenção da gestão do ministério da Educação, atualmente exercida pelo ministro Mendonça Filho, que também estava presente no encontro e se desincompatibilizará até a próxima semana para disputar a reeleição para deputado federal.

A reforma ministerial é avaliada como um trunfo do governo para as aspirações eleitorais. Afinal, a pré-candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, atraiu a atenção de boa parte de lideranças do centrão. Um ajuste ministerial bem-feito pode, assim, evitar uma divisão da base e construir uma chapa forte para a disputa das eleições, tendo Temer como candidato principal da coligação.

Qualquer decisão sobre partidos que atualmente estão na base e que já anunciaram pré-candidaturas, ou aliança a pré-candidatos, será muito bem avaliada. Especialmente o DEM e o PSD, que apoiará a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O presidente nacional da sigla, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, deve disputar a sucessão tucana em SP como vice na chapa. “Esses assuntos serão tratados nestas duas semanas que nos separam da data-limite para a substituição de ministros”, afirmou o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun.

Veja quem deixará o governo

» Ricardo Barros, ministro da Saúde (PP)

» Maurício Quintella, ministro dos Transportes (PR)

» Mendonça Filho, ministro da Educação (DEM)

» Gilberto Kassab, ministro das Comunicações (PSD)

» Henrique Meirelles, ministro da Fazenda (PSD*)

» Max Beltrão, ministro do Turismo (MDB)

» Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente (PV*)

» Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional (MDB)

» Leonardo Picianni, ministro dos Esportes (MDB)

» Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia (MDB)

» Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social (MDB)

(*) Vai se filiar ao MDB

Fonte: Correio Braziliense (DF) – Político