As várias facetas da tecnologia na gestão da saúde foram abordadas em evento promovido pela Unimed Paraná no mês de setembro, em Curitiba (PR). Foi o quinto e-saúde – Encontro de Tecnologia Aplicada à Gestão da Saúde, realizado em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Academia Médica, Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e Distrito Spark Curitiba. O evento reuniu profissionais de todo o Estado na Associação Médica do Paraná, em uma programação de dois dias. 

O e-saúde e seus palestrantes demonstraram a importância da qualidade da informação e como ela pode e deve ser aproveitada para causar um impacto positivo na gestão da saúde. Exemplo disto foi no painel “Modelo Baseado em Valor”. O médico Bruno Scarpellini, da Health Data Science, falou sobre a relação dos dados de mundo real para a cadeia de valor em saúde. “Só vamos conseguir atingir a medicina de valor se tivermos dados, e dados do mundo real”, salientou. 

A palestra de Scarpellini complementou a explanação do médico Márcio Ferreira, colaborador ICHOM no Hospital do Coração (SP) para doenças articulares degenerativa e coordenador da Gestão de Auto Custo OPME da Seguros Unimed. Ele foi convidado pela organização do e-saúde para comentar a aplicação do ICHOM (International Consortion for Health Outcomes Measurement) no modelo baseado em valor. “Ainda estamos em um estágio embrionário. Temos uma condição cultural muito difícil, e não da sociedade somente, mas das práticas médicas. O modelo que se instaurou atrelou este sistema de pagamento muito perverso para quem gerencia. E isto está insustentável no ponto de vista de gestão”, disse. 

O painel ainda contou com a participação de Dennis Nakamura, com a palestra “O que podemos aprender com os unicórnios?”. Denis foi um dos gestores do iFood e é sócio da Relp! Aceleradora de Restaurantes, entre outras startups. Mas o tema também foi explorado na palestra Novos Modelos de Negócios em Saúde, com Robson Capasso, da Universidade de Stanford (EUA), e em uma sala temática. 

Tecnologias emergentes

As tecnologias emergentes e seus impactos nos processos da saúde não ficaram de fora da discussão no e-saúde deste ano. Representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) abordaram este tema em um painel específico, ao lado de Rodrigo Ravaglio, CIO da Unimed Curitiba. 

Gerson Zafalon Martins, membro da Câmara Técnica de Informática em Saúde e Telemedicina do CFM e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), lembrou que a telemedicina segue gerando muita discussão e que os avanços ocorreram por necessidade. No entanto, de acordo com ele, o ser humano precisa ser preservado acima de tudo. Zafalon apresentou, por exemplo, dados de uma pesquisa na Inglaterra que mostraram o impacto positivo da telemedicina em instituições de longa permanência por idosos.

Segundo Luis Gustavo Kiatake, presidente da (SBIS), já existem uma série de ferramentas disponíveis para a saúde, mas que ainda não se traduziram em sucesso completo na implantação, como a própria telemedicina. “A análise de dados, por exemplo. Usamos, e ainda não da forma como deveria, para análise de fraudes, um pouco de saúde preventiva, otimização, algo para melhorar atendimento, mexer na agenda… Estamos começando, mas poderíamos estar muito mais avançado nisto”, opinou.

Ravaglio mostrou o posicionamento da Unimed Curitiba frente à revolução tecnológica. “Tecnologia não tem nada a ver com TI. Tecnologia sempre existiu, desde que homem é homem. Tecnologia por si só é estudo da arte. Tudo o que puder fazer para melhorar o que está a seu alcance é tecnologia. E é dentro deste conceito que a Unimed Curitiba está trabalhando. É construir juntos”, falou. Ravaglio contou que todas as áreas da Unimed Curitiba estão sendo envolvidas para pensar em tecnologia.

De acordo com ele, a cooperativa firmou parcerias com outras Unimed e outras instituições para trazer novidades que façam sentido, “juntamente com o jeito de cuidar. Senão, não funciona”. Entre os últimos projetos desenvolvidos estão a Inteligência Artificial para atendimento, o programa Conecta – para buscar solução para problemas de processos com a ajuda de startups -, e Univision.

O e-saúde ainda promoveu palestras e debates sobre a revolução da inteligência artificial na saúde, estratégias de relacionamento com startups e registros eletrônicos em saúde. 

Fonte: Saúde Debate