De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar, os planos de saúde médico-hospitalares registraram, entre abril de 2020 e abril de 2021, um incremento de 1,05 milhão no total de usuários no país. Com esse crescimento, o Brasil alcançou 48,1 milhões de usuários, o maior número registrado desde julho de 2016. Atualmente, 737 operadoras estão em atividade e cerca de 19 mil planos estão ativos.

Além disso, vemos um movimento sem precedentes de fusões e aquisições, IPOs e outras transações bilionárias no setor brasileiro de saúde. Parte desse processo veio após a mudança na legislação, que permitiu a entrada do capital estrangeiro no ramo hospitalar. Apenas as empresas de capital aberto movimentaram, entre janeiro e julho, mais de R$6,5 bilhões em fusões e aquisições, em especial, de hospitais e operadoras de planos de saúde.

Operadoras de saúde, laboratórios e redes hospitalares convergem numa mobilização de ganho de escala, profissionalismo e qualidade que promete dar maior sustentação ao sistema de saúde nacional.

Diante deste cenário, fica a pergunta: que espaços de saúde estamos criando para as pessoas? Acredita-se que o avanço, de fato, virá quando a humanização for o precedente para qualquer projeto ou atendimento hospitalar. Uma das premissas deve ser a oferta de oportunidades para experiências humanizadas e a transformação do espaço de saúde em um lugar de prevenção e cuidados, no lugar de apenas tratamentos.

Na prática, a estrutura deve estar voltada para o bem-estar das pessoas, com áreas de descompressão, praças, integração com a área externa e conveniência. De acordo com o World Green Building Council, a natureza implementada na estrutura dos estabelecimentos médicos reduz 22% a necessidade de remédios para dor, e acelera em 15% o tempo de recuperação dos pacientes. O chamado Healing Garden (jardim terapêutico), é um bom exemplo de espaço que traz elementos naturais capazes de beneficiar a recuperação da saúde e bem-estar dos usuários.

Arquitetura e empatia

À medida que a exaustão dos profissionais de saúde se torna cada vez mais evidente, o design pode ajudar a proporcionar alívio. O ideal é oferecer espaços de descanso para colaboradores, de preferência onde haja conexão com o exterior e em uma área tranquila, para que tenham um lugar de reequilíbrio e descompressão das tensões que são submetidos diariamente.

Criar ambientes regenerativos não é apenas essencial para o recrutamento e retenção, mas também uma maneira simples de causar um grande impacto no dia a dia da equipe, que se traduz em significativa melhoria no atendimento aos pacientes. De acordo com o Green Building Council Brasil, instituição que trabalha na certificação de construções sustentáveis, há impactos negativos quando uma edificação não toma cuidados com o bem-estar. Estes espaços acabam gerando diversos impactos na saúde como fadiga, dor de cabeça, problemas respiratórios e irritabilidade. Precisamos mudar esse cenário e pensar nesses aspectos ao se projetar um edifício de saúde.

*Norton Mello. É graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR (1993) com Mestrado em Engenharia Biomédica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR (1997), PhD. Healthcare Management – Senior Living, pela Florida Christian University, Orlando, FL – USA (2020). Atualmente é CEO da BIOENG Projetos, e desenvolveu mais de 1.500.000 m² na área de saúde e bem-estar.

Fonte: Saúde Debate