O portal Saúde Debate trouxe, na última semana, um artigo sobre a nova tecnologia 5G e como ela impactará a Saúde. Segundo Rafael Kenji Hamada, que assina o texto, a  quinta geração de internet móvel sem fio, ou 5G, “vai revolucionar a nossa forma de relacionamento utilizando a internet, com um aumento de até 100 vezes na velocidade de navegação e download, sem a necessidade de fibra”. Para ele, “muito provavelmente o setor da saúde será o maior beneficiado pela cobertura móvel” da tecnologia.

Confira abaixo o artigo na íntegra:

Ao contrário do que muitos acreditam, você não tem a tecnologia móvel de quinta geração (5G) em sua casa na rede wireless chamada 5G.

Seu Wi-Fi 5G é apenas uma faixa de wireless na qual funciona a frequência de 5 GHz (gigahertz). Da mesma forma, a rede 2G do wi-fi não é mais antiga, mas opera na frequência de 2,4 GHz. A grande diferença entre as duas frequências é a estabilidade, melhor na de 5 GHz por oferecer banda maior. Contudo, a frequência 2,4 GHz tem um maior alcance, chegando mais longe, com maior cobertura e menos estabilidade.

Já a tecnologia 5G que falamos que vai revolucionar todos os setores é a quinta geração de internet móvel sem fio. Da mesma forma que notamos diferenças importantes com a mudança do 2G para o 3G, que nos possibilitou usar os smartphones, e com a chegada do 4G fazer downloads mais rápidos, o 5G vai revolucionar a nossa forma de relacionamento utilizando a internet, com um aumento de até 100 vezes na velocidade de navegação e download, sem a necessidade de fibra.

Essa será nossa realidade por pelo menos mais oito anos, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), que prevê que apenas em dezembro de 2029 100% dos municípios com menos de 30 mil habitantes serão cobertos pelo 5G.

Logo, o primeiro verdadeiro impacto da tecnologia 5G para a população será o que alguns brasileiros que já utilizam a tecnologia em outros países relataram, que é o maior uso das telas e a falta de paciência. Estamos caminhando para um mundo cada vez mais conectado, globalizado e ocupado. Enquanto os especialistas defendem a diminuição das jornadas de trabalho, caminhamos cada vez mais rápido para o aumento do tempo no meio virtual e a diminuição das relações interpessoais presenciais. E ainda não vamos levantar a discussão sobre o Metaverso.

Muito provavelmente o setor da saúde será o maior beneficiado pela cobertura móvel 5G, não apenas pelo aumento da velocidade das videochamadas de telemedicina, mas também pela necessidade de adaptação das redes de transmissão. As cidades se prepararão para receber a nova tecnologia, levando maior acesso à internet para as regiões mais remotas. Ninguém vai querer ficar de fora da novidade e existe um plano nacional para ampliação da rede para todo o Brasil.

As telecirurgias, ainda pouco realizadas no Brasil e no mundo devido ao risco pela latência do sinal, serão cada vez mais vistas, com uma equipe médica dividida em mais de um centro de saúde. Um paciente poderá ser operado por uma equipe presencialmente em um hospital brasileiro, com apoio técnico em tempo real de um médico americano, que poderá inclusive operar à distância um dispositivo cirúrgico como uma câmera ou um foco cirúrgico.

A maior velocidade na captação, no armazenamento e na análise dos dados permitirá diagnósticos cada vez mais precisos e rápidos, sem contar a possibilidade de avanço da inteligência artificial. Terapias para tratamento de condições neurológicas e de saúde mental poderão ser aperfeiçoadas com a realidade virtual e a realidade aumentada.

E o maior benefício para o paciente é no aperfeiçoamento da sua jornada, integrado à internet das coisas, que na medicina também é chamada de IoMT (Internet of Medical Things). Através de dispositivos integrados, como os smartwatches, assistentes virtuais e demais wearables, conectaremos milhares de dispositivos, sem que isso interfira na qualidade da transmissão, possibilitando uma análise rápida e integrada dos dados do paciente para o entendimento da sua jornada e um delineamento do seu cuidado com o paciente no foco de toda decisão.

O fato é que a tecnologia impactará diretamente o setor da saúde, possibilitando diagnósticos e acompanhamentos cada vez mais precisos, integrados e rápidos, mas, quando falamos em velocidade, esbarramos na demora da implantação da rede móvel de quinta geração no Brasil, que caminhará a passos mais lentos que o esperado devido à necessidade de adaptação necessária para receber a tecnologia.

*Rafael Kenji Hamada é CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação

Fonte: Saúde Debate