Uma ação conjunta das vigilâncias sanitárias estadual e municipal de Campo Largo interditou o setor de pediatria, lavanderia, central de materiais e posto de enfermagem do Centro Médico Municipal de Campo Largo. A ação conjunta foi consequência da investigação de um caso de intoxicação de uma criança por “chumbinho”, um inseticida com o princípio ativo aldicarbe, que é irregularmente vendido como raticida.
A criança, de 3 anos, foi atendida no setor de pediatria por ter ingerido naftalina. Após lavagem gástrica deveria ter sido administrado carvão ativado para neutralizar os efeitos da naftalina, no entanto houve a troca do carvão pelo chumbinho. A criança começou a apresentar os sintomas de intoxicação e foi encaminhada ao Hospital Infantil Waldemar Monastier onde foi adequadamente medicada e felizmente sobreviveu.

O fato gerou um processo de investigação sobre a identidade e origem do produto irregular. Foi confirmado por exame laboratorial que a substância administrada ao paciente no Centro Médico era aldicarbe, o que gerou uma inspeção no estabelecimento onde foram encontradas diversas irregularidades, culminando na interdição dos quatro setores.

Dado a gravidade do caso, nesta terça-feira (20) as vigilâncias estadual e municipal, juntamente com a polícia civil (Nucrisa e delegacia do consumidor) desencadearam uma blitz em estabelecimentos de venda de produtos agropecuários de Campo Largo para investigar o comércio irregular do “chumbinho”. “Não foi encontrado a substância, porém foram constatadas diversas irregularidades como venda de produtos alimentícios junto com venenos, inseticidas irregulares e produtos vencidos”, informou Paulo Costa Santana, chefe da Vigilância Sanitária Estadual.

CHUMBINHO – O chumbinho possui como ingrediente ativo a substância tóxica chamada Aldicarbe (comercializada como Temik), que é um inseticida, acaricida e nematicida comercializado no país sob a forma exclusiva de agrotóxico. No Paraná sua venda é proibida pela Secretaria de Agricultura. Irregularmente a substância é comercializada para matar ratos e existem relatos de graves intoxicações, podendo inclusive levar à morte.

Segundo dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde) entre 2010 e 2011 foram registrados 245 casos de intoxicação por chumbinho em humanos no Paraná, sendo que 10 pessoas morreram. A maioria (129 casos) ocorreu na região metropolitana de Curitiba.

A Vigilância Estadual vai intensificar a ação de fiscalização da venda irregular desse produto em conjunto com os municípios. Denúncias podem ser feitas nas vigilâncias municipais e na Ouvidoria Estadual do SUS – 0800 644 4414.